Rio Grande do Sul

Enchentes desafiam setor pecuário leiteiro: líderes expressam preocupação e delineiam estratégias

Estimativas preliminares indicam uma perda diária de mais de 3 milhões de litros de leite devido às inundações

Foto de telhado de galpão em meio a área alagada.
Produtores registram prejuízos em estruturas, rebanhos e pastagens | Foto: Divulgação/ Emater/RS-Ascar

As recentes enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul têm causado significativos prejuízos ao setor pecuário leiteiro, exacerbando os desafios já enfrentados pela atividade. Em meio a esse cenário desafiador, líderes do setor expressaram preocupação com as perdas e delinearam estratégias para enfrentar os impactos e promover a recuperação.

“Com relação às perdas, é muito difícil mensurar neste momento, até porque todos estão na linha de frente, suprindo as necessidades primárias”, destaca Nacir Penz, vice-presidente financeiro da Gadolando. Ele ressalta a magnitude das perdas, com estimativas preliminares indicando uma perda diária de mais de 3 milhões de litros de leite devido às inundações.

Darlan Palhaniri, secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), complementa: “As dificuldades enfrentadas vão além das perdas materiais, com muitos produtores sofrendo prejuízos irreversíveis, como a perda de animais e rebanhos.” Ele destaca que as enchentes comprometeram as pastagens e a infraestrutura das propriedades, impactando toda a cadeia de produção e distribuição de leite no estado.

“Animais que se foram, ou rebanhos que se perderam, e produtores que, numa sucessão de catástrofes, agora acabaram sem energia para continuar.”

Nacir Penz, vice-presidente financeiro da Gadolando

Penz lamenta os prejuízos irreversíveis: “Animais que se foram, ou rebanhos que se perderam, e produtores que, numa sucessão de catástrofes, agora acabaram sem energia para continuar.” Ele enfatiza a importância de um plano de gestão urgente e abrangente para garantir a continuidade e a sustentabilidade da atividade leiteira no estado.

Palhaniri ressalta a união e a resiliência dos produtores como fundamentais para superar os obstáculos: “Acredito que o Rio Grande do Sul, com sua capacidade de reinvenção diante de adversidades, vai superar essa crise. As pessoas que realmente têm capacidade de contribuir para isso estão aparecendo, mostrando sua resiliência.”

“Acredito que o Rio Grande do Sul, com sua capacidade de reinvenção diante de adversidades, vai superar essa crise.

Darlan Palhaniri, secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat)

Diante dos desafios enfrentados, tanto o Sindilat quanto a Gadolando destacam a necessidade de investimentos em infraestrutura e políticas de apoio ao setor pecuário leiteiro. Somente com esforços conjuntos e medidas eficazes será possível garantir a continuidade e a prosperidade dessa importante atividade econômica para o Rio Grande do Sul.

O setor vem se organizando para amparar os mais atingidos | Foto: Divulgação/ Emater/RS-Ascar

Felipe Soares de Souza, Gerente de Política Leiteira da cooperativa Santa Clara, alerta para o aumento do custo de produção para os produtores leiteiros do RS: “A falta de alimento para o rebanho dentro da propriedade resultará em elevação dos custos nos próximos meses.”

A cooperativa Santa Clara, que conta com 2,4 mil produtores de leite em 132 municípios gaúchos, localizados em seis regiões de captação de leite, está enfrentando desafios logísticos devido às enchentes. “As estruturas das cooperativas não tiveram danos, mas registramos problemas na logística e captação junto aos produtores. Muitos ficaram sem luz e incapazes de realizar a ordenha, situação que já está reestabelecida”, relata Soares de Souza.

Ele também destaca as perdas significativas nas pastagens de inverno e milho safrinha, especialmente nas regiões do Alto Uruguai e Alto Jacuí, onde a perda chega a 20 a 30% nas pastagens de inverno e 30 a 35% no milho safrinha. “Nosso grupo de nutrição e manejo alimentar já está organizando estratégias para suprir essa carência de alimento que poderá afetar o rebanho, incluindo o replantio de silagens de inverno”, afirma Soares de Souza.

Pastagens de inverno e milho safrinha registram perdas no estado | Foto: Divulgação/ Emater/RS-Ascar

No entanto, ele ressalta que isso inevitavelmente elevará os custos de produção, já que os produtores terão que comprar alimentos de fora para o rebanho.

Doações para produtores

A cadeia do leite está unida em prol das mais diversas famílias que tiveram perdas inestimáveis na enchente registrada nos últimos dias no Rio Grande do Sul. Conforme o produtor rural de Lagoa Vermelha, Augusto Pianezzola Dahmer, a ideia surgiu frente a grave situação de muitos produtores que viram seus rebanhos, estruturas de ordenha, pastagens e consequentemente a produção se perderem com a enchente. “Já conseguimos doações de diversos estados e também de produtores gaúchos que não foram afetados. Estamos enviando alimentos para o rebanho e tudo que possa ser útil neste momento crítico”, revela o produtor.

A campanha, que envolve produtores da cadeia leiteira, já conta com um perfil no instagram, o @integracaoleiters e no mês de junho realizará um evento para levantar fundos para os produtores atingidos pelas cheias. O evento será on line e está agendado para o dia 08/06, com a participação de pesquisadores e estudiosos do setor lácteo, que apresentarão os mais diversos temas referentes ao momento atual da produção leiteira no Brasil. Mais informações sobre o evento e como ajudar, podem ser encontradas no perfil.