Otimismo

Início da semeadura do trigo no RS: expectativas positivas para a safra de 2024

As áreas produtoras de trigo não foram as mais afetadas pelas volumosas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul

Foto de colheitadeira em lavoura de trigo.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta a safra de trigo em 2024 em 9,08 milhões de toneladas | Foto: Fazenda Grahl & Borghardt/Arquivo Pessoal

Com a chegada do período de semeadura do trigo no Rio Grande do Sul, os produtores rurais estão a todo vapor para garantir uma safra promissora em 2024. Diemerson Aciel Borghardt, um dos produtores à frente dos trabalhos na Fazenda Grahl & Borghardt, expressa otimismo e destaca a importância de uma colheita bem-sucedida para a sustentabilidade financeira dos agricultores da região.

“A expectativa é que todos nós produtores precisamos de uma excelente safra, pois precisamos ter renda, o que está difícil ultimamente. Sabemos que temos que produzir muito bem para ter uma renda pequena, pois os preços praticados são muito baixos perto dos custos de produção,” afirma Borghardt.

Preparativos avançados para a semeadura

A Fazenda Grahl & Borghardt deve cultivar 825 hectares de trigo nesta safra | Foto: Fazenda Grahl & Borghardt/Arquivo Pessoal

Os preparativos para a semeadura estão em estágio avançado na Fazenda Grahl & Borghardt, localizada na Sede Linha Jacuí, em Victor Graeff. Com áreas de cultivo também nos municípios de Tapera, Mormaço, Tio Hugo e Lagoa dos Três Cantos, os proprietários Neri Borghardt, Márcio Grahl e seus filhos Diemerson Aciel Borghardt e Martin Alan Grahl, já têm tudo programado para a nova safra.
“Já estamos com tudo programado: semente, fertilizantes e químicos. Já estamos em fase de dessecação das áreas,” explica Borghardt, demonstrando a organização e a antecipação dos trabalhos para garantir o sucesso da safra.

Dados da Produção e Expectativas

Para a safra de 2024, a área total cultivada pela família será de 825 hectares. Na safra passada, em 2023, foram cultivados 344,6 hectares de trigo, com uma média de 39 sacas por hectare (SC/ha) e PH abaixo de 78. Além do trigo, foram plantados 130 hectares de cevada, com uma média de 37 SC/ha, toda forrageira. No entanto, a última safra foi frustrada devido ao excesso de chuvas durante a floração e colheita, além dos preços defasados dos produtos.

No ano passado, o clima levou à uma frustração na safra de trigo | Foto: Fazenda Grahl & Borghardt/Arquivo Pessoal

O prejuízo acumulado nas culturas de inverno em 2023 ultrapassou os 800 mil reais. Borghardt ressalta as dificuldades enfrentadas pelos produtores com os seguros agrícolas, que se tornaram um custo adicional e não cobrem os custos de produção adequadamente. “Hoje o seguro se tornou um custo a mais e não cobre os custos, pois as garantias são insignificantes para garantir ao menos o custo da lavoura,” conclui.

Os produtores esperam que a safra de 2024 traga melhores condições climáticas e preços mais favoráveis, garantindo assim a tão necessária renda para continuar investindo na produção agrícola.

Safra Nacional

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu a área estimada de cultivo no país para 3 milhões de hectares, redução de 11,1% em relação ao ano passado. Porém, com aumento da produtividade, a safra de trigo em 2024 pode chegar a 9,08 milhões de toneladas, aumento de 12,2% ante 2023.

Trabalhos de Dessecação

Com a aproximação da época de plantio do trigo no Rio Grande do Sul, os produtores rurais do estado intensificam os preparativos para a nova safra. De acordo com o engenheiro agrônomo Marcelo Klein, da Embrapa Trigo de Passo Fundo, os agricultores estão focados nos trabalhos de dessecação e na preparação das áreas que receberão a cultura do trigo nos próximos meses.

Em entrevista, Klein explicou que a maioria dos produtores já está realizando a dessecação das áreas, um processo fundamental para garantir a sanidade e a produtividade das lavouras. “Os agricultores estão no trabalho de dessecação e preparo de áreas para receber a cultura. Esse é um passo crucial para garantir uma boa germinação e desenvolvimento das plantas”, afirmou.
Segundo o agrônomo, a área plantada com trigo no estado deve se manter estável em relação ao ano passado. “Estimamos uma manutenção da área plantada no estado, o que demonstra a confiança dos produtores na cultura do trigo”, destacou Klein.

O engenheiro agrônomo também comentou sobre as condições climáticas previstas para o ciclo do trigo deste ano. As projeções indicam a ocorrência do fenômeno La Niña, que costuma trazer um clima mais seco para a região, condição considerada favorável para o cultivo do trigo. “A previsão de La Niña é positiva para quem investe na cultura do trigo, pois reduz o risco de doenças fúngicas e favorece o desenvolvimento saudável das plantas”, explicou.

“As áreas atingidas pela enchente dos últimos dias não fazem parte da região produtora de trigo no RS”,

Marcelo Klein – Engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo de Passo Fundo

Em relação às recentes enchentes que atingiram o estado, Klein tranquilizou os produtores ao informar que as áreas de trigo não foram afetadas. “As áreas atingidas pela enchente dos últimos dias não fazem parte da região produtora de trigo no RS”, disse. No entanto, ele reconheceu que as chuvas atrasaram temporariamente os trabalhos de dessecação. “Apesar do atraso, isso não deve atrapalhar ou atrasar o início da semeadura. Os produtores estão preparados para ajustar o cronograma conforme necessário”, concluiu.

Com boas expectativas de clima e uma preparação cuidadosa, os produtores de trigo do Rio Grande do Sul aguardam uma safra promissora, reforçando a importância do cereal na agricultura do estado.