Temporais

Chuvas e alagamentos causam prejuízos às lavouras de arroz e soja do Rio Grande do Sul

Uma área significativa das culturas no estado não foi colhida e está registrando perdas

Foto de lavoura de soja com plantas caídas e poças de água.
Lavoura de soja afetada pela chuva em Caçapava do Sul-RS | Foto: Guilherme Miranda Fernandes/Arquivo Pessoal

Além dos graves transtornos dos temporais aos municípios do Rio Grande do Sul, o setor agrícola do estado também registra danos causados pelas chuvas. Devido ao clima, a colheita das culturas de verão está se arrastando no estado e, com isso, uma área significativa das lavouras de arroz e soja está no campo, expostas aos danos causados pelas chuvas. Até o momento, as entidades reforçam que não é possível quantificar os prejuízos, afinal muitas áreas estão inacessíveis e a chuva continua até pelo menos a sexta-feira (03) no estado.

Até a última semana, 66% das lavouras de soja e 78% das lavouras de arroz haviam sido colhidas, de acordo com a Emater/RS-Ascar e Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Na regional de Emater de Bagé, que abrange 20 municípios, a preocupação é maior em relação às áreas de soja. Apenas cerca de 40% de mais de 1,1 milhão de hectares cultivados com soja foram colhidos.

“Já existia alguns relatos de perdas por apodrecimento e germinação dos grãos. Isso vai se intensificar cada vez mais”, ressalta Guilherme Zorzi, extensionista responsável pela área de grãos da regional. O prejuízo deverá ser expressivo, considerando os danos à qualidade dos grãos e também as áreas em que não será possível realizar a colheita devido às enxurradas. No caso do arroz, a colheita na região está mais avançada, chegando a cerca de 80% dos 355,6 mil hectares plantados.

Arroz

O cenário para a cultura do arroz é mais preocupante na região central do estado, uma das mais afetadas pelas chuvas e enchentes. Apenas 60% da área foi colhida, portanto, restam mais de 46,7 mil hectares de arroz suscetíveis às chuvas.

“Temos muitas lavouras plantadas na beira dos rios e eles saíram completamente do seu curso, avançando nas lavouras de arroz da região. É muito preocupante, para não dizer triste”, explica o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho.

Apesar do arroz ser mais resistente à umidade, neste momento os grãos já estão formados e em fase final de maturação. Com as chuvas, eles perdem qualidade, apodrecem e caem. Além disso, a correnteza causa o acamamento, quando a planta cai ao chão e impossibilita a colheita.

O Irga informou que está realizando levantamento dos prejuízos e deve divulgar informações sobre as condições das lavouras de arroz na sexta-feira (03).

Abastecimento

O Rio Grande do Sul é o principal produtor de arroz do país, porém, até o momento, não há expectativa de desabastecimento, conforme a Federarroz. A entidade estima que a colheita no estado já alcance 80% das áreas. Porém, os prejuízos devem reduzir a produção de arroz nesta safra, levando a valorização no mercado interno e dificultando a exportação.

Previsão do tempo

Os altos acumulados de chuva nesta semana se devem a três fatores principais, de acordo com a agrometeorologista do Irga, Jossana Cera. Primeiramente, o outono já é um período de chuvas mais fortes e persistentes. Além disso, o fenômeno El Niño segue influenciando o clima e as chuvas. Por fim, um sistema de bloqueio atmosférico no centro-oeste e sudeste do país impede o avanço das frente frias.

Com isso, áreas de instabilidade começaram a atuar entre o centro e o leste do estado desde segunda-feira (29), com volumes de chuva mais altos do que o previsto. Desde ontem, o avanço lento de uma frente fria aliado ao fluxo de umidade vindo do norte do país também provoca ainda mais chuvas.

A chuva segue para o norte do estado com volumes expressivos na sexta-feira (03). De acordo com Jossana, a chuva só deve diminuir entre o sábado (04) e o domingo (05), com previsão de tempo seco na segunda.

Confira o relato da agrometeorologista: