Previsão do Tempo

Previsão de chuvas para o final de abril impacta na colheita da soja e arroz

O predomínio do tempo seco em todo o Rio Grande do Sul deve ocorrer apenas no início de maio

A colheita do arroz e da soja no Rio Grande do Sul avançaram pouco ao longo do mês de abril devido às chuvas frequentes. Diferentes regiões do estado registraram poucos dias de sol durante todo o mês.

Até a última semana, a colheita do arroz chegava a 67% da área, enquanto a da soja estava em 49%, conforme dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e da Emater/RS-Ascar. Esses índices estão aquém da média dos anos anteriores. No caso do arroz, a colheita nessa época do ano já passaria dos 90%, enquanto a média para soja seria de 64%.

“Claro que a gente entende que tem também toda a questão do atraso da época de semeadura por conta das chuvas lá da primavera, mas, além disso, também esses dias mais úmidos acabam protelando ainda mais a colheita dos grãos aqui no estado”, considera a agrometeorologista do Irga, Jossana Cera.

O mês de abril também deve terminar com poucos dias de sol, o que preocupa o setor agrícola, devido ao prolongamento da umidade. “Por mais que o tempo esteja aberto, tem que esperar às vezes um pouquinho até o solo secar porque senão acaba atolando o maquinário e estragando o solo, fazendo os rastros. Em princípio, essas regiões mais ao norte do Estado deverão receber volumes mais elevados de chuva, o que pode ser um problema também”, ressalta a agrometeorologista.

O Irga já prevê uma redução na média de produtividade, que está em 8.674 kg/ha, em função das enchentes e de acamamentos provocados pelas chuvas. No caso da soja, o prolongamento da umidade traz o risco perdas pós-maturação, tais como apodrecimento, infestação fúngica, germinação prematura e debulha causada pela oscilação entre a secagem e o umedecimento das vagens, conforme a Emater/RS-Ascar.

Previsão do Tempo

A partir de amanhã (25), a previsão é de tempo seco na metade Sul, o que deve favorecer a colheita do arroz. Na metade Norte, o tempo permanece fechado e com chuva.

O avanço de uma frente fria faz com que a chuva retorne ao estado na sexta-feira (26). “Então a gente deve ter a chuva avançando pelas áreas mais ao Sul, com chuva razoavelmente forte, mas deve abranger ao longo do dia praticamente todo o Rio Grande do Sul”, alerta Jossana.

A chuva segue no sábado (27), com maior intensidade na Zona Sul. No domingo (28), ela avança para o Norte do estado.

A próxima semana começa com chuva em todas as regiões do Rio Grande do Sul, com maior intensidade na metade Norte.

Uma massa de ar seco e frio chega ao estado apenas no final do mês. “Então, na próxima terça-feira (30), a gente já deve ter a metade Sul do Rio Grande do Sul com tempo seco e as temperaturas declinando. Porém, na metade Norte do Rio Grande do Sul, ainda vai ter previsão de chuva e ela pode ser forte, em torno de 25 mm, e em alguns pontos mais pro Nordeste do estado, acima de 60 milímetros”, detalha Jossana.

O predomínio do tempo seco em todo o Rio Grande do Sul deve ocorrer apenas a partir do final da próxima semana.

El Niño e La Niña

As chuvas frequentes são efeito do fenômeno El Niño, que está avançando para a fase de neutralidade, o que deve ocorrer no trimestre entre abril e junho. “Acredito que essa neutralidade vai iniciar nas próximas semanas, provavelmente durante o mês de maio mesmo. A previsão da La Niña, que estava sendo prevista até o mês passado para o trimestre junho, julho e agosto, com 62% de probabilidade, agora caiu para 60%”, aponta a agrometeorologista.

O La Niña já está em processo inicial de desenvolvimento, mas o efeito nas chuvas deve ser sentido apenas no final do ano no Rio Grande do Sul. “Os impactos das precipitações variam muito de um ano para o outro, então é um pouco até prematuro a gente dizer. Claro que a La Niña a gente sempre espera que haja redução de precipitações. Mas para ela ter o impacto mais característico durante a primavera, que é o período de maior impacto dela, a gente já deveria estar numa fase mais avançada de desenvolvimento do fenômeno La Niña e a gente está no início dele. Então a gente tem que ter muita calma nessa hora, a gente tem que ver aí como vai acontecer essa evolução”, explica Jossana.