Leite

Como os produtores estão lidando com os altos custos de produção?

A previsão para os próximos meses é de um recuo nos valores pagos.

Não é novidade que os elevados custos de produção vêm assombrando os produtores de leite há muitos meses. Mesmo que o preço do leite atingindo os maiores valores históricos segundo a “média Brasil” do Cepea/Esalq-USP, os altos gastos não permitem que a remuneração se converta em rentabilidade. Além disso, a previsão para os próximos meses é de um recuo nos valores pagos.

Diante disso, os produtores estão buscando alternativas para reduzir custos, sobreviver a esta “tempestade” e se manter na atividade. Para entender melhor o que as propriedades vêm fazendo, realizamos uma pesquisa no MilkPoint, da qual participaram 349 leitores do site.

Os produtores participantes estão distribuídos por todo território nacional e produzem diferentes volumes, como podemos ver a seguir:

Perguntamos que medidas eles estão tomando para reduzir custos com a atividade e demos as seguintes opções:

  • Diminui quantidade de animais;
  • Não utilizo mais bST;
  • Mudei a alimentação do rebanho para algo mais em conta;
  • Não realizei análise/correção de solo;
  • Vendi meus animais e acabei deixando a atividade.

A tabela a seguir mostra a porcentagem de usuários participantes da pesquisa que adotou cada medida:

Como podemos observar, 84% dos participantes da pesquisa adotaram pelo menos uma medida para reduzir custos na sua propriedade. Dentre as ações, alterar alimentos utilizados na dieta dos animais foi a estratégia mais adotada pelos produtores. Este resultado é bastante coerente pois sabemos que a alimentação é responsável pelos maiores custos da atividade e os preços elevadíssimos do milho e da soja estão fazendo com que os produtores busquem alimentos alternativos para os animais.

Substituir alimentos pode ser uma ótima alternativa para reduzir custos, mas os cálculos devem ser muito bem-feitos para avaliar o custo-benefício da troca, além de avaliar a idoneidade dos alimentos utilizados.

Apesar de propriedades de todas as faixas de produção terem optado por trocar os alimentos da dieta, observamos que este comportamento foi mais frequente nas propriedades de até 1000 litros de leite/dia. Propriedades maiores normalmente são mais resistentes a alterações na dieta e possuem maior nível de planejamento alimentar e financeiro, o que pode explicar o resultado.

Muitos produtores também sinalizaram a redução do rebanho para conter os custos. Mais uma vez, a medida foi mais frequente entre as propriedades menores, apesar da muito produtores da faixa entre 3 e 10 mil litros também terem dito que reduziram o número de animais.

Apesar de menos frequente, os produtores também disseram reduzir o uso de somatotropina bovina (bST) e não realizaram análises e correção de solo. Muitos produtores adotaram mais de uma medida, como pode ser visto na tabela a seguir:

Outro dado relevante para se destacar é o fato de 3,44% dos produtores participantes (12) responderam que optaram por vender seus animais e sair da atividade, devido aos altos custos. 
 

Outro ponto relevante é que as medidas apontadas neste estudo não necessariamente são práticas boas para o negócio. É importante ressaltar que é preciso tomar cuidado para não implementar medidas que irão piorar o resultado da fazenda. A  redução da suplementação ou do uso de ferramentas, como o bST, podem resultar em menor produção, o que também pode comprometer a rentabilidade. 

Fonte: MilkPoint