Mercado

Soja: preços devem ficar abaixo dos R$ 200/sc no curto prazo

Com a menor produção o Brasil vai ter uma briga maior pelo grão no mercado interno e a tendência é de exportar menos.

Devido à forte influência do câmbio, a colheita em andamento na América do Sul e a estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de aumento da área de soja na safra 2022/23, o analista de mercado Frederico Schmidt prevê que no curto prazo os preços da saca de 60 quilos de soja não voltem a patamares acima dos R$ 200,00.

Os preços da soja tiveram forte queda, fazendo vendedores se retraírem. “Muita gente conseguiu fazer a negociação de alguns lotes acima de R$ 200,00 e agora os preços de repente caem até a faixa de R$ 170,00. R$ 165,00 em alguns lugares. E isso fez com que o produtor saísse totalmente das vendas. Acredito que se houver uma recuperação nas cotações talvez comece a fluir, não acima dos R$ 200,00 necessariamente, mas algo em torno R$ 190,00 ou R$ 195,00, já começam a fluir um pouco mais de negócios. Só que pra isso acontecer vamos precisar ver algum fator relevante acontecer no cenário de preços ou no câmbio”, ressalta Schmidt

“O câmbio deu uma recuperada nessa semana. Houve um certo aumento de percepção de riscos, principalmente, pela questão da guerra da Rússia com a Ucrânia, uma nova rodada de sanções; então isso trouxe um pouco mais de risco para o mercado nessa semana. E depois de várias quedas o dólar se recuperou um pouco; então talvez a gente veja de imediato o preço da soja se recuperando um pouco, talvez nessa faixa de R$ 185,00 ou R$ 190,00; mas de imediato parece um pouco difícil voltar para cima dos R$ 200,00”, complementa o analista de mercado.

Safra de soja

O USDA estima área de 91 milhões de acres (36,8264 milhões de hectares) nos Estados Unidos (EUA). “O mercado já previa algum aumento naturalmente, mas veio um pouco acima da maior parte das expectativas e isso naturalmente traz um impacto negativo; porque se você traçar uma produtividade média dos últimos anos que os EUA tiveram tudo aponta para uma safra recorde lá. É claro que vai depender sempre do clima, mas no momento a gente vai trabalhando com essas expectativas de safra recorde”, ressalta Schmidt.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a soja tem produção prevista em 122,4 milhões de toneladas; uma redução de 11,4% em relação à safra anterior. Dessa forma a relação estoque/consumo de soja é uma das menores da história segundo o analista. “Safra sul-americana abaixo de anos anteriores e você tem o consumo se mantendo, então a gente tem cinco/seis meses de ano safra para completar, então naturalmente, existe essa expectativa de conforme for chegando o meio do ano as exportações provenientes da China, migrem da América do Sul para os EUA”, frisa.

Também houve redução no volume estimado de exportações, passando de 80,16 milhões de toneladas para 77 milhões de toneladas. “Então como a gente produziu menos, a gente vai ter uma briga maior pelo grão aqui no mercado interno e ter uma tendência a exportar menos. Com a produção menor, naturalmente a exportação vai ser menor, mas a demanda ainda vai continuar razoavelmente forte até o meio do ano”, salienta Schmidt.

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De acordo com o analista, os preços da soja chegaram a cair quase 10% em relação aos preços máximos, desde a vidada do mês. “A gente teve a junção de dois fatores, o dólar em baixa e também a cotação da soja em baixa […]. Todo esse movimento de queda que tivemos nas cotações da soja foram principalmente afetados pela questão do câmbio; a gente teve também uma queda nas cotações de Chicago, mas não chegou perto do estrago, digamos assim, que o câmbio causou. Com isso, a gente teve nos últimos meses desse início de ano, a entrada de capital estrangeiro no Brasil, que fez com que houvesse apreciação do Real e melhorou bastante a percepção de risco fiscal no Brasil”, explica Schmidt.

“Com o fortalecimento dos preços das commodities em geral ao longo do último ano, principalmente, ai você tem economias como no Brasil, Argentina, até mesmos países mais desenvolvidos como Nova Zelândia, Austrália, países que são mais dependentes da exportação de commodities; você tem uma percepção de melhora econômica no âmbito fiscal; porque a partir do momento que você começa a exportar essas commodities por valores mais altos, você começa a equilibrar a sua balança comercial em um valor mais atrativo e livre de riscos de déficit”, complementa o analista.