Mercado

Momento de cautela e insegurança no mercado da soja

O momento é de cautela e insegurança para os produtores de soja. A colheita está avançando, no entanto os efeitos da estiagem ainda são sentidos, afetando os estoques e o mercado. “O produtor está bem cauteloso, nós tivemos momentos em que ele travou alguns valores lá no início do plantio ou no início do desenvolvimento, na casa dos R$ 160, R$ 170 reais, que era um excelente preço. E aí veio a questão da estiagem e isso preocupou muito e com certeza afetou muitos produtores. Aí o produtor acabou segurando, porque ele tinha que cumprir uma parte daqueles contratos que ele tinha travado”, lembra o analista de mercado Claiton Santos, sócio da Somma Agro, em entrevista à live Destaque em Pauta.

As comercializações foram elevadas quando os preços da soja chegaram na casa dos R$ 200, devido ao patamar de preço e já que os produtores possuíam compromissos a cumprir. No entanto, a situação já mudou. “Agora ele está inseguro, porque precisa vender, mas o volume de grãos que ele tem é bem inferior ao que ele ia colher. Muitos estão apostando que o mercado vai voltar, porque existem várias correntes de informações”, avalia o analista. Neste contexto, ocorre a especulação, com produtores apostando em recursos ou financiamentos e deixando a soja para tentar um preço melhor futuramente. “Tudo isso pode acontecer, mas potencializa o risco”, alerta Santos.

As expectativas são de que o preço da soja se mantenha nos horizontes atuais, em torno de R$ 180 e R$ 200. “Em virtude de toda essa conjuntura que se criou, da pandemia inicialmente, da quebra da safra na região Sul aqui do Brasil e também agora, para ajudar a fechar essa tempestade perfeita em termos de preço, essa guerra entre a Rússia e Ucrânia”, projeta o analista.

A possibilidade de estagnação do mercado também está ligada ao preço elevado da commodity, o que leva à inflação e diminuição do poder aquisitivo. “Chega a um ponto em que o poder aquisitivo das pessoas não evolui, acaba o estoque se elevando e o mercado entende que o consumo estagnou e os preços começam a voltar, mas isso é o risco do negócio que estamos vivendo”, alerta o especialista. Alguns fatores devem estar no radar nos próximos tempos, especialmente a área que será plantada nos EUA e questões relacionadas ao clima no país norte-americano. Além do dólar e de fatores como a guerra na Ucrânia.

“O produtor precisa se preparar para a oportunidade, saber qual o custo para produzir e qual a margem que está tendo em relação ao preço de hoje […] E fazer a conta da média de preço dos últimos seis meses […]. O produtor estando preparado internamente com seus custos e olhando para as oportunidades do mercado, ele pode até atrasar um pouquinho uma comercialização ou antecipar, porque aí sim ele tem o controle na mão dele”, aconselha Santos.