Mercado

Exportação de óleo de soja tem alta de 62,7%, mas queda no consumo nacional

Apesar do aumento nos embarques de óleo de soja houve uma redução na projeção do consumo interno de óleo, de 7,9 para 7,8 milhões de toneladas.

A projeção para a safra atual de soja deve chegar a 126,9 milhões de toneladas. Todavia as exportações do grão tiveram redução de 8,3% entre janeiro e agosto, na comparação com 2021, atingindo 66,6 milhões de toneladas. Porém, as exportações dos produtos derivados da soja apresentaram elevação. “O esmagamento está crescendo ano após ano e devemos encerrar 2022 com 48,9 milhões de toneladas esmagadas de soja”, afirma o economista chefe da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), Daniel Amaral.

No caso do farelo, foram comercializadas 14,1 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 21,7%. Já para o óleo de soja, o incremento foi de 62,7%, chegando a 1,7 milhão de toneladas exportadas. Volume bem superior às 1,0 milhão de toneladas registradas entre janeiro e agosto do ano passado. Com todos esses volumes de exportação somados, obteve-se até agora uma receita de US$ 48,8 bilhões.

A receita esperada com exportações do complexo soja em 2022 foi mantida em cerca de US$ 58 bilhões

Daniel Amaral

Biodiesel

Apesar do aumento nos embarques de óleo de soja houve uma redução na projeção do consumo interno de óleo, de 7,9 para 7,8 milhões de toneladas. “Tivemos uma redução da mistura de biodiesel este ano, o que causou um impacto muito grande no setor. Já que, tradicionalmente, o setor vinha trabalhando com essa perspectiva de aumento da mistura, mantendo o mercado muito forte e previsível para o óleo de soja brasileiro”, explicou durante a live Mercado em Destaque desta quinta-feira (15).

A mistura de 14% de biodiesel no diesel foi reduzida pelo governo à 10%, portanto essa diferença do óleo de soja utilizado para bioenergia acabou sendo exportado. “Além disso, contamos com uma conjuntura completamente atípica neste ano, principalmente por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia que tirou o óleo de girassol do mercado, então abriu uma oportunidade. E também teve o problema da safra da palma no sudeste asiático, na Indonésia e na Malásia. Então, conjunturalmente o Brasil acabou tendo forças de ampliar a participação e com isso o esmagamento reagiu”, explica o especialista.

A longo prazo o economista acredita que o consumo interno vai estabilizar. “Tudo indica que a atividade econômica brasileira, especialmente neste segundo semestre e em 2023, melhore com a retomada do PIB e da atividade econômica”, ressalta.

Mercado

De acordo com o economista, a cotação da soja em grão está em US$ 585 a tonelada. Já a tonelada do farelo está em US$ 500 dólares e o óleo de soja em US$ 1.600. “Os preços de referência que multiplicados pela nossa expectativa de exportação em volume, geram uma receita de exportação da ordem de 58 bilhões de dólares”, destaca.

No Brasil o preço praticado nas principais praças continua na ordem de R$ 180/185 por saca. “Este cenário de preços depende do andamento da safra norte-americana e do hemisfério sul, assim como das demais conjunturas do mercado”, finaliza Amaral.