Agronegócio

Tendência de aumento dos abates e menor rentabilidade para a pecuária

Os produtores de carnes, principalmente avicultores e suinocultores, devem encarar uma menor margem de rentabilidade no próximo ano safra. Essa situação é resultado dos custos de produção elevados, principalmente com os altos preços do milho. Além disso, os abates de bovinos, aves e suínos devem crescer no período. As previsões fazem parte das Perspectivas para a Agropecuária Safra 2022/23, divulgadas nesta quarta-feira (24) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Esta é a primeira vez que a estatal divulga dados relacionados à pecuária junto às Perspectivas para a Safra. O objetivo é auxiliar o setor a compreender e prever as condições, favorecendo a toma de decisões. “São informações que tem grande importância estratégica para a sociedade brasileira e são essenciais para produtores rurais, empresas de insumos, logística, agroindústria, de pesquisa, empresas e entidades representativas e do varejo, e até mesmo para nós consumidores”, afirmou o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro.

Estatísticas

O aumento de custos, com destaque para elevação dos preços dos bezerros, fez com que os bovinocultores realizassem a retenção das fêmeas. O resultado é um rebanho maior e crescimento dos abates. No próximo ano, eles devem aumentar em torno de 2,7%, sendo estimado em 30,1 milhões de cabeças. “Apesar de haver previsão de queda do preço médio do bezerro, tal movimento não é suficiente para motivar uma queda geral nos custos, uma vez que a suplementação animal também tem sofrido com recentes altas”, pondera o gerente de Produtos Pecuários da Conab, Gabriel Correa.

Como consequência, a produção de carne bovina pode crescer na ordem de 2,9%, em virtude da possibilidade de que em 2023 haja o início do processo de descarte de vacas, característico do atual momento do ciclo pecuário. Além disso, as vendas ao mercado externo, que apresenta boa demanda, devem apresentar elevação de 5%. Por fim, a disponibilidade per capita em 2023 deverá se aproximar dos 26 kg/habitante/ano.

No caso da suinocultura, a recuperação dos rebanhos chineses, atingidos pela Peste Suína Africana (PSA) a partir de 2018, está impactando as cotações internas de suíno vivo e influenciando a redução das exportações para a China. “No entanto, com a abertura de novos mercados, a exemplo de outros países do Sudeste Asiático e do Canadá, essa queda tende a ser amenizada”, reforça o superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da Companhia, Allan Silveira. A tendência para 2023 é de um aumento na ordem de 6,7% nos abates que, por sua vez, não deve se converter totalmente em aumento na produção da proteína em virtude do menor peso médio esperado em função dos elevados custos na alimentação dos plantéis.

Os abates de aves projetados para 2023 também tendem a apresentar crescimento de 3,2% em relação a este ano, sendo estimados em 6,29 bilhões de frangos, enquanto as exportações devem apresentar uma ligeira queda de 1,7%, podendo chegar a 4,5 milhões de toneladas. Essa combinação de fatores resulta em um provável aumento da oferta interna na ordem de 4,2%, elevando a disponibilidade per capita acima dos 51 kg/hab/ano.

Com informações da Conab

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