Opinião

RS em crise: a recuperação judicial como alternativa para se manter na atividade produtiva

A recuperação judicial está se mostrando como uma saída viável para pequenos e médios produtores rurais

Homem vestindo uma camisa xadrez e um chapéu em pé em uma lavoura.
Muitos produtores têm se deparado com a necessidade de reestruturar suas dívidas e buscar formas de manter a operação viável | Foto: Banco de Imagens

Estamos diante de momentos críticos em nosso Estado do Rio Grande do Sul. Diante disso, a recuperação judicial, que já se mostrou um recurso valioso para grandes empresas, está se mostrando como uma saída viável para pequenos e médios produtores rurais que enfrentam dificuldades financeiras.

Diante de um cenário econômico desafiador, muitos desses produtores têm se deparado com a necessidade de reestruturar suas dívidas e buscar formas de manter a operação viável.

A recuperação judicial é um processo legal que permite ao devedor, sob supervisão do Judiciário, reorganizar suas dívidas e criar um plano de pagamento que garanta a continuidade das atividades. Esse mecanismo protege o produtor de execuções e cobranças enquanto negocia com os credores, permitindo que ele possa restabelecer sua saúde financeira e preservar seu negócio.

Os pequenos e médios produtores enfrentam um conjunto específico de desafios que podem ser amenizados pela recuperação judicial, isso porque é nela que se negociará o seguinte:

  • Negociação de Dívidas: o produtor pode propor condições de pagamento que sejam mais adequadas à sua realidade, como prazos mais longos e redução de juros. Isso permite que as dívidas sejam pagas de forma organizada e sustentável, respeitando a capacidade de pagamento da atividade agrícola.
  • Suspensão de Execuções: ao solicitar a recuperação judicial, as execuções e cobranças ficam suspensas temporariamente, garantindo que o produtor tenha um período de respiro para reorganizar suas finanças sem a pressão de ações judiciais.
  • Possibilidade de Descontos: embora o objetivo principal da recuperação judicial não seja a concessão de deságios (reduções no valor das dívidas), isso pode ocorrer durante as negociações, especialmente em relação a juros e multas. Os credores muitas vezes preferem negociar um valor reduzido, mas que seja pago, do que enfrentar uma situação de falência do devedor.

Quando o agricultor decide por ingressar judicialmente com uma recuperação judicial, precisa tomar diversas precauções. Qualquer descuido e o procedimento não terá o resultado buscado. Assim, é imprescindível que o seja feito:

  • Planejamento Detalhado: A elaboração do plano de recuperação é uma etapa crucial. O plano deve ser realista e mostrar de forma clara como o produtor pretende retomar sua estabilidade financeira. É importante contar com o apoio de advogados e consultores especializados que conheçam as especificidades do agronegócio.
  • Aprovação dos Credores: O plano precisa ser aprovado em assembleia de credores, o que pode exigir habilidades de negociação e ajustes no plano inicial para atender às expectativas dos credores. Essa etapa é essencial para o sucesso do processo.
  • Custo do Processo: Embora a recuperação judicial ofereça uma chance de reorganização, o processo envolve custos, como honorários de advogados e taxas processuais. Contudo, para muitos produtores, esses custos acabam sendo um investimento menor em comparação às perdas que poderiam enfrentar em um cenário de falência.

A Recuperação Judicial pode ser um meio eficaz a qualquer produtor, seja ele grande, médio ou pequeno, que se veja em uma crise financeira que ameace a perda de seu patrimônio.

Por isso, é importante ter o auxílio de especialistas, para que haja uma preservação eficiente de todo o patrimônio do agricultor, mantendo a atividade produtiva.

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