Agronegócio

Efeitos da chuva na pecuária: desafios e estratégias para produtores

Conversamos com o engenheiro-agrônomo da Emater/RS- Ascar, Vilmar Wruch Leitzke, que abordou como os reflexos diretos que as precipitações têm sobre os animais, a qualidade do leite e a gestão das áreas de pastagens.

O excesso de chuvas na produção de leite tem se mostrado mais um desafio aos produtores gaúchos. Conforme divulgado no último boletim da Emater-RS, sobre os impactos da chuva na agricultura, os danos causados pelo El Niño com o excesso de precipitações também afetaram as áreas de pastagens.  

Segundo os dados do relatório, os temporais causaram danos em 15.320 hectares de pastagem nativa, 24.290,50 hectares de pastagem cultivada e 6.440 hectares de silagem, com um total de 5.932 produtores prejudicados.

Conversamos com o engenheiro agrônomo da Emater/RS- Ascar, Vilmar Wruch Leitzke, que abordou como os reflexos diretos que as precipitações têm sobre os animais, a qualidade do leite e a gestão das áreas de pastagens.

Bem-estar animal e qualidade do leite

De acordo com Vilmar, o excesso de chuva impacta o bem-estar dos animais ao diminuir o tempo de pastoreio. Isso resulta em menor deslocamento dos animais, causando transtornos e afetando a mobilidade nos terrenos irregulares. Além disso, o aumento da umidade e da presença de barro nas áreas de pastagem podem gerar doenças no gado. 

“Em questão a qualidade do leite, o excesso de chuva aumenta o teor de umidade, eleva a quantidade de barro nas áreas de pastagem como nas instalações, isso aumenta o risco sanitário e pode ocasionar em mastite ambiental, ou seja, problemas de úbere nas vacas. Isso interfere e diminui a qualidade do leite e acaba refletindo em menor remuneração ao produtor”, explica o extensionista da Emater. 

Manejo de pastagens e degradação do solo

O excesso de umidade interfere no manejo das áreas de pastagens. Embora um nível adequado de chuva proporcione a formação de um colchão de pasto entre o casco dos animais e o campo, auxiliando assim na preservação do solo, altas umidades diminuem esse efeito protetor. Conforme explicou o engenheiro agrônomo, as enxurradas que afetaram muitos municípios do sul pode levar à degradação do solo e à perda de nutrientes essenciais como fósforo, potássio e nitrogênio, lavados pela água em excesso.

Impacto nas plantas e na produção de pasto

Esse enfraquecimento do solo acaba afetando as plantas, que apesar de crescerem, têm seus sistemas radiculares enfraquecidos pelo excesso de umidade, tornando-as mais suscetíveis ao pastoreio. “Isso resulta na perda de densidade de plantas por metro quadrado, reduzindo a oferta de pasto para os animais”, diz Vilmar Leitzke. 

Estratégias recomendadas

Diante desse cenário desafiador que os produtores de gado leiteiro vem enfrentando, o extensionista da Emater-RS Ascar, Vilmar Leitzke, sugere algumas recomendações. 

Adequação da lotação das áreas de pastoreio: ajustar a quantidade de animais conforme a disponibilidade de pasto é essencial para garantir a nutrição adequada.

Pastoreio estratégico: manejar as áreas para deixar uma sobra de pastagem, permitindo que sirva como ponto de partida para o próximo ciclo de pastoreio.

Priorização de áreas perenes: considerar a priorização de áreas de pastagem perene para minimizar perdas, trazendo os animais de volta a essas áreas após o pastoreio em áreas anuais.

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