Agronegócio

Da semeadura à colheita: "este ano foi uma dificuldade para tudo", afirma pesquisador

A safra de soja no Sul do país foi repleta de gargalos para o sojicultor

Não é novidade que esta Safra 2021/22 foi atípica do início ao fim. O produtor enfrentou uma estiagem prolongada e na hora de colher o gargalo foi o excesso de chuvas. “Nós tivemos uma estiagem no desenvolvimento da soja, período de final de outubro, novembro, dezembro se estendendo até meados de janeiro. Então tivemos replantios, atrasos em semeadura, semeadura fora de época e todas as consequências que isso acabou gerando para a cultura”, explica o professor e pesquisador do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus Sertão Fernando Machado dos Santos.

“A partir do final de março e no mês de abril como um todo, as chuvas se intensificaram. […] Nessa safra então o produtor teve que aproveitar as janelas, da estiagem e de uma chuva que repentinamente choveu tudo aquilo que faltou no nosso verão”, ressalta.

De acordo o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, a colheita da soja no Rio Grande do Sul está em 90%. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a colheita já estava em 97% no Estado.

Prejuízos na colheita

Na hora de colher a oleaginosa existem alguns cuidados que o produtor deve tomar para evitar mais prejuízos. Nesse momento o clima desfavorável acaba impedindo a colheita da soja no período correto. Segundo a Embrapa Soja, o teor de umidade desejável para a colheita do grão é entre 13 e 15%; dessa forma quando colhida nesse intervalo, os danos mecânicos e as perdas são minimizados.

A máquina acaba impactando em dois tipos de perdas na colheita da soja. Quando os teores de umidade são inferiores a 13% proporcionam um aumento dos danos mecânicos imediatos ou aparentes. “Tem um dano mecânico imediato que é quando a semente é partida ao meio, pois a semente está com a umidade muito baixa”, ressalta Santos.

E grãos colhidos com teores de umidade superiores a 15% estão sujeitos a danos mecânicos latentes ou não aparentes. “Quando nós colhemos a soja com umidade excessiva pode ser de uma soja que ainda não está no ponto, uma soja que apresenta uma maturação desuniforme em função desse ano”, informa Santos.

Método simples calcula e busca evitar prejuízos na colheita da soja. | Foto: Matheus Lorenzini/Destaque Rural

Método para evitar perdas

As perdas de grãos numa lavoura podem ocorrer antes do início de operação das colhedoras. A perda natural do grão por debulha aceitável é de cerca de 3% da perda total da área cultivada.

E após há prejuízos com passagem da colhedora, a tolerância recomendada dessa perda é de 0,75 a uma saca por hectare. Mas, “normalmente nos testes e levantamentos 85% das perdas ocorrem exatamente na plataforma de corte da máquina. Então por isso a importância de o produtor avaliar isso”, salienta o pesquisador.

“Nos testes e levantamentos, 85% das perdas ocorrem exatamente na plataforma de corte da máquina”, explica o professor Fernando Machado dos Santos | Foto: Matheus Lorenzini/Destaque Rural

O método de determinação de perdas de grãos na colheita de soja desenvolvido pela Embrapa Soja, na década de 80, consiste na coleta de amostras de grãos que caíram na lavoura antes da colheita (decência natural), a perda da plataforma e a perda do saca palha.

Usando um copo medidor ou através de cálculos do peso do grão coletado e cada área de amostra, pode-se quantificar a perda total da lavoura.

Na prática

É feita a utilização de uma armação padrão de 2,0 m², com medidas de 4,0 m de largura por 0,5 m de comprimento. “Essa área de 2 m² é formada pela plataforma de corte, então nós precisamos fazer uma medida da plataforma de corte da máquina e a distância então que a gente vai pegar no retângulo para formar esses 2 m²”, explica Santos.

Para calcular a perda natural é feita a escolha dessa área de 2m² de forma vertical sobre uma linha que ainda não foi colhida e após é feita a coleta dos grãos e vagens que sofreram debulha natural. Com essa medida tem-se a perda por decência natural.

Após usa-se a mesma área de 2m² em uma área próxima, onde a colhedora já passou. Após calcular a quantidade de grãos caídos, diminui-se a perda por decência natural e se tem a perda da plataforma. “A máquina tem que parar de colher e voltar para ficar aquela distância em que o saca palha ainda não cruzou aonde a máquina colheu”, frisa.

Por fim, mede-se a perda pelo saca-palha, onde com a mesma área de amostragem de 2m², coleta-se os grãos para fazer o cálculo de perdas. Em seguida, pega o resultado e diminui a perda por decência natural e a perda da plataforma, para então ter a perda pelo saca-palha. E somando todas as três perdas se tem a perda total da lavoura.