Milho

No Paraná, quem domina  o areião de Tuneiras produz igual na terra roxa 

Os desafios apresentados pelas terras de Tuneiras do Oeste – a 125 quilômetros de Maringá, já em pleno areião do noroeste paranaense -, são sentidos principalmente por produtores de outras regiões que chegam em busca de arrendar áreas para o plantio de soja. O município foi visitado pelo Rally Cocamar de Produtividade no dia 14/12.

Como o solo pode ter, numa mesma propriedade, muitas manchas e variações de teor de argila, o tratamento não pode ser o mesmo para quem está acostumado a lidar, por exemplo, com a terra roxa. 

“Trazer uma fórmula pronta não vai adiantar muito por aqui”, avisa o engenheiro agrônomo Pedro Luchetti, da unidade local de atendimento da Cocamar. 

A fama de região difícil – com solo e clima hostis para a soja – é comum não só em Tuneiras do Oeste, mas em todo o arenito. Entretanto, é justamente ali que os irmãos Osmar e Cláudio Bagini, trabalhando com profissionalismo, orientação técnica adequada e cuidado a cada detalhe, vêm conseguindo prosperar. Eles são assistidos por Pedro Luchetti.

Ousados e decididos a crescer, em 1997 os Bagini venderam 53 alqueires das melhores terras de Campo Mourão – a 42 quilômetros –, onde residem. Com o dinheiro, adquiriram 158 alqueires e triplicaram de tamanho. Mesmo assim, ouviram de amigos que poderiam não estar fazendo um bom negócio, uma vez que terras fracas, com teor de argila entre 10 e 20%, ocupadas por pastos degradados, não seriam próprias para agricultura. 

Hoje com 53 anos, Osmar lembra que ele e o irmão, de 51, sabiam das dificuldades que encontrariam e levaram dez anos para organizar a propriedade, onde os problemas pareciam não ter fim. E como possuíam maquinários, deram início a mais uma ousadia, o plantio de soja – sendo pioneiros no município -e assim, aos poucos, se adaptaram às particularidades do lugar. “A gente apanhou bastante, não foi fácil, mas foi aprendendo a dominar o areião”, conta.

Imagem de Rogério Recco

Tanto aprenderam a trabalhar nesse tipo de solo, que atualmente Osmar e Cláudio não ficam abaixo das melhores médias de produtividade de Campo Mourão e outras cidades paranaenses reconhecidas pela exuberância de suas terras. Na safra passada (2022/23), a média geral foi de 180 sacas por alqueire (74,3 sacas/hectare). Além dos 158 alqueires próprios, eles cultivam 325 arrendados. 

No total, são 470 só de soja e, no inverno, rotacionam entre 80 a 100 alqueires com milho e o restante das áreas é semeado com milheto para proteger a superfície no verão com a indispensável palhada. O milheto, segundo Osmar, se adaptou melhor à região, onde o solo apresenta alta incidência de nematoide, e ainda devolve fósforo.  O milho, para eles, não é uma opção de inverno por ser muito exigente e não apresentar boa produtividade.  

Imagem de Rogério Recco

Cobrir o solo de palha é básico, mas só isso não basta. Lançando mão de agricultura de precisão, entre outras medidas, os irmãos corrigem o solo rotineiramente com calcário e também a aplicação de cloreto de potássio. “Definir o manejo de pragas e fazer um rigoroso gerenciamento de custos também é essencial”, comenta o agrônomo Pedro, citando ainda que não adianta aprofundar muito a semente, quando do plantio. 

Quanto a chuva, a região, por suas características, demanda mais umidade, mas a palhada é capaz de manter o solo úmido por mais tempo, conforme a equipe do Rally constatou. Sob a palha, a terra estava ainda fresca e úmida, mesmo dez dias após a última precipitação. 

O planejamento é outro detalhe que merece destaque no trabalho dos irmãos Bagini. Eles fazem suas aquisições de insumos com antecedência, aproveitando oportunidades e evitando atropelos. E é também planejando que eles compram os maquinários, sempre seguros e com os pés no chão. 

O Rally Cocamar de Produtividade conta com o patrocínio da Basf, Sicredi Dexis, Nissan Bonsai Motors, Fertilizantes Viridian, Cocamar Máquinas/John Deere, Texaco e Estratégia Ambiental, com o apoio do Cesb, Aprosoja/PR e Unicampo.

Texto de Rogério Recco