A valorização das commodities (bens primários com cotação internacional) ocorrida no ano passado fez o Brasil fechar 2022 com o melhor resultado da história para a balança comercial. Em 2022, o país exportou US$ 62,31 bilhões a mais do que importou, o maior superávit desde o início da série histórica, em 1989.
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O valor representa crescimento de 1,5% em relação ao recorde anterior de US$ 61,407 bilhões registrado em 2021. Os números foram divulgados nesta segunda-feira (2) pela Secretaria de Comércio Exterior pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que resultou do desmembramento do antigo Ministério da Economia.
Tanto as exportações como as importações também bateram recorde da série histórica. No ano passado, o Brasil vendeu US$ 335,01 bilhões para o exterior, alta de 19,3% em relação a 2021 pelo critério da média diária. As compras do exterior somaram US$ 272,697 bilhões, aumento de 24,3%, também pela média diária.
Apenas em dezembro, a balança comercial registrou superávit de US$ 4,779 bilhões, o sexto melhor resultado da história para o mês, porém com alta de 24,5% em relação ao saldo do mesmo mês de 2021. As exportações somaram US$ 26,645 bilhões, e as importações totalizaram US$ 21,866 bilhões no mês passado, com valores recordes para dezembro.
Agropecuária
No acumulado Janeiro/Dezembro 2022, em comparação com igual período do ano anterior, a Agropecuária registrou crescimento de 36,1% nas exportações, somando US$ 75,05 bilhões. Entre os produtores se destacam Milho não moído, exceto milho doce (194,1%), Café não torrado (46,7%) e eoja (20,8%). Por sua vez, os seguintes produtos tiveram diminuição: Produtos hortícolas, frescos ou refrigerados (-37,6%), Frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas (-15,2%) e Sementes oleaginosas de girassol, gergelim, canola, algodão e outras (-34,7%).
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No mesmo período, as importações da Agropecuária aumentaram 6,3%, totalizando US$ 5,70 bilhões. Os produtos que puxaram o crescimento foram Pescado inteiro vivo, morto ou refrigerado (22,3%), Trigo e centeio, não moídos (22,8%) e Frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas (29,4%). Enquanto isso, Milho não moído, exceto milho doce (-16,3%), Cacau em bruto ou torrado (-82,8%) e Soja (-50,1%) registram queda nas importações.
Commodities
O ano foi marcado pela valorização das commodities, provocada principalmente pelo aumento do consumo global após a pior fase da pandemia de covid-19 e pela guerra no leste europeu. Apesar de a balança comercial ter sido impactada pelo encarecimento de itens importados da Rússia e da Ucrânia, como fertilizantes e trigo, o Brasil beneficiou-se da valorização do petróleo no mercado internacional. O país também tirou proveito da safra recorde de grãos.
O maior impacto positivo sobre a balança comercial decorreu da alta dos preços internacionais. No ano passado, o volume das mercadorias exportadas aumentou 5,5%, mas o preço subiu, em média, 13,6%. Do lado das importações, a quantidade comprada subiu 2,6%, e o preço aumentou 23,4%.
Estimativa
O resultado da balança comercial veio acima das previsões. Em novembro, o governo anterior tinha estimado em US$ 55,4 bilhões o superávit comercial para 2022. Apesar da queda na estimativa, esse valor garantiria o segundo maior superávit comercial da série histórica.
As estimativas oficiais são atualizadas a cada três meses. O saldo da balança também veio melhor que as previsões do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projetava superávit de US$ 56,9 bilhões no ano passado.
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Com informações da Agência Brasil