Suínos

Setor confirma recorde de exportações de carne de frango e recuo na carne suína

As exportações de carne de frango brasileiras devem fechar o ano com aumento de 5% e atingir o recorde de mais de 4,8 milhões de toneladas exportadas. A marca está sendo atingida apesar do crescimento moderado na produção, de apenas 1,5%, estando estimado entre 14,450 e 14,500 milhões de toneladas. A expansão não foi maior em decorrência dos custos de produção. A expectativa é de um crescimento mais consistente das exportações em 2023, de até 8,5%, ultrapassando a marca de 5 milhões de toneladas exportadas.

Um conjunto de fatores está impulsionando as exportações brasileiras, principalmente a guerra entre Rússia e Ucrânia, além da ocorrência de influenza aviária, da expectativa na redução de produção e do aumento de custos de produção em outros países. As projeções e avaliações foram apresentadas pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), hoje (15), durante coletiva de imprensa virtual.

O principal destino foi a China, com 494,1 mil toneladas, recuo de 16,2% em relação ao ano passado. A queda foi compensada pelo aumento de exportações para países como Filipinas (48,9%), Coreia do Sul (63,2%) e Singapura (56,5%).

A disponibilidade e o consumo per capita no Brasil sofreram pequenas reduções, de menos de 1%. De acordo com o presidente da ABPA, Ricardo Santin, os ajustes de embarques e aumento de produção ampliaram a oferta ao mercado interno, de forma que não houve escassez de frango para o consumo doméstico. Para 2023, os preços aos consumidores devem se manter em patamares elevados.

Suínos

A produção de carne suína aumentou ainda mais do que a de frango, se aproximando de 5 milhões de toneladas, crescimento de 6,5% em relação ao ano passado. Por outro lado, as exportações recuaram até 1,5%, projetadas em até 1,1 milhão de toneladas. A situação deve ser revertida em 2023, considerando que as exportações estão estimadas em mais 1,2 milhão, aumento de até 12%.

O Brasil, inclusive, deve ser o único país com aumento das exportações no ano que vem. Esse impulso se deve às aberturas dos mercados canadenses e mexicanos, especialmente o segundo. “É um ano de recuperação para a carne suína, especialmente para produtores independentes e empresas que passaram por dois anos de extrema dificuldade e agora estão se recuperando”, explica Santin.

O panorama dos destinos da carne suína é semelhante ao da avicultura. A China lidera com 406,6 mil toneladas, tendo diminuídas as importações em 19,3%. A diminuição da demanda chinesa também foi compensada pelas Filipinas (+163,9%), além de Japão (+81,7%).

Dentro das boas notícias, está o aumento do consumo interno per capita, projetado em até 8% em 2022 e 3% em 2023, podendo chegar a 18,5kg no próximo ano. Na avaliação da entidade, o consumo de carne suína está se consolidando como um hábito dos brasileiros.

Ovos

Entre as proteínas, o setor de ovos obteve os piores resultados do ano. A produção caiu 5% e deve ter nova redução, de 2%, em 2023. O consumo per capita também reduziu, caindo 6% neste ano e previsão de -2,5% no ano que vem. As exportações devem fechar o ano com baixa de 12%, mas podem se recuperar em 2023, com aumento de 10%. “A queda de produção de ovos se deu por conta do pico de aumento dos custos e o descarte de matrizes, que está se refletindo agora e em 2023”, explica Santin.

Status Sanitário

Há “grande preocupação, alerta e estado de vigilância reforçado”, neste momento com a influenza aviária. Levantamento da ABPA aponta para mais de 40 países com focos da doença, incluindo grandes produtores e exportadores. Cinco casos foram registrados em países da América do Sul.

A avaliação é de que o Brasil está preparado para o caso de identificação da doença. As ações de biossegurança foram reforçadas e a ABPA recomenda suspensão imediata das visitas a granjas, frigoríficos e demais estabelecimentos da avicultura do país, entre outras medidas.

O Brasil nunca registrou a ocorrência de influenza aviária de alta patogenicidade (vírus H5N1) e possui certificação de país livre da doença. A identificação em aves silvestres, ou outras que não sejam de produção industrial, e de baixa patogenicidade em aves domésticas ou de cativeiro, não irão afetar o status sanitário e não devem gerar restrições ao mercado brasileiro.

Custos de produção

Os custos de produção sofreram aumentos significativos em 2022. De acordo com a Central De Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa, o custo de produção de frango subiu 5,41% neste ano, enquanto o custo de produção de suínos aumentou 14,08%. “São números bastante representativos, que mostram que a gente teve um custo de produção que manteve-se estável durante todo o ano de 2022, infelizmente tirando a possibilidade de fazer eventuais adequações de preços para baixo”, informa Santin.

As perspectivas para o próximo ano não são animadoras nesse aspecto. A entidade considera que não há tendência de diminuição nos preços dos principais insumos: milho e farelo de soja. “Com o preço do insumo principal aumentando, não há como aguentar muito tempo sem fazer o repasse para o consumidor”, afirma Santin. Apesar disso, o Brasil tem condições de seguir competitivo no mercado internacional, considerando que os demais países também enfrentam custos mais altos.

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