Agricultura

Exportações são ponto forte do setor arrozeiro em 2022

O ano do setor arrozeiro foi turbulento, considerando aumento dos custos de produção, estiagem e queda no preço. Porém, as exportações foram intensificadas e os números estão superando as expectativas, devendo alcançar 1,9 milhão de toneladas vendidas na safra 2021/2022, aumento de 66.1% em relação à safra anterior, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“É um número bastante significativo, reflexo de uma conjuntura internacional, principalmente em relação ao mercado internacional”, avalia o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, em coletiva de imprensa virtual realizada nesta quarta-feira (14). O estado corresponde pela maior parte da produção nacional do cereal.

Entre os motivos para o impulso nos embarques brasileiros está a taxação das exportações pela Índia e a diminuição das áreas de arroz dos Estados Unidos, que também passaram a atender outros mercados. Diante desse cenário, o Brasil acabou sendo favorecido, podendo exportar mais para América Central e México. “A exportação é reflexo da taxa de câmbio e do aumento do preço internacional”, aponta Velho.

As perspectivas para 2023 são positivas para a exportação de arroz, considerando o tempo de validade dos contratos e a tendência de manutenção da queda de área nos Estados Unidos. “Como nosso concorrente vai plantar menos e nós temos as empresas com contratos normalmente por dois anos, a expectativa é muito boa para exportações no primeiro semestre do ano que vem”, explica Velho. Apesar da possibilidade de não alcançar o volume deste ano, os embarques podem chegar a 1,5 milhão de toneladas na avaliação da Federarroz.

México

Um destino de exportação importante neste ano foi o México, país que adotou um pacote anti-inflacionário, incluindo a taxa zero de importação para produtos básicos e insumos por um período limitado. O setor arrozeiro brasileiro agora busca um acordo comercial com o país. “Continuamos com essa pauta junto ao governo federal, isso é muito importante porque nós ficamos dependendo da diminuição das taxas de impostos pelo México para poder fazer uma exportação maior, ao contrário do Uruguai, por exemplo, que tem um acordo comercial com o México. Então esse é um assunto importante que nós vamos continuar insistindo”, diz Velho.

Desafios

O aumento das exportações coincide com uma redução da área do cereal no país e no Rio Grande do Sul, que deve plantar 10% menos do que na safra passada, e com o avanço da soja e milho em áreas tradicionalmente cultivadas com arroz. O risco de faltar arroz para o abastecimento interno, no entanto, é afastado. “Está aumentando a rotação e produtividade, parte da área que diminui compensa pelo aumento da produtividade, então eu não vejo o risco de desabastecimento, eu vejo um ajuste maior na oferta e na demanda, principalmente pela exportação”, avalia o presidente da Federarroz.

No âmbito da produção, o setor aponta para baixa rentabilidade do arroz nos últimos, com o desafio do alto custo de produção, que registrou alta de cerca de 60%. “O arrozeiro tem este desafio de enfrentar alto custo de produção e a maneira que temos hoje é a rotação de culturas. Ela aumenta a fertilidade do solo, a produtividade e a consequente rentabilidade”, afirma Velho.