Seguindo a tendência do restante do país, Santa Catarina plantou neste ano uma área recorde de trigo, chegando a mais de 137,6 mil hectares. Esse aumento gerou uma expectativa de crescimento de 37% na produção, que poderia alcançar 477,7 mil toneladas, de acordo com dados oficias. Até meados de setembro, o otimismo foi mantido, com lavouras em excelentes condições. Agora, no entanto, com a colheita atingindo cerca de 10% das lavouras, já são esperadas reduções na produção, produtividade e qualidade.
Isso porque geadas tardias, excesso de chuvas e baixa luminosidade vêm comprometendo o rendimento médio do trigo no estado. “Isso propiciou o aparecimento de uma série de doenças, sobretudo doenças relacionadas ao grão, como giberela e brusone. Os produtores ficaram bastante preocupados com essa situação onde o clima estava muito propício ao aparecimento de doenças, o que promoveu a expectativa de uma pequena redução na nossa produtividade média”, relata o analista de socioeconomia da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Cepa), João Rogério Alves.
A maioria das lavouras já colhidas estão localizadas na região do Extremo Oeste Catarinense e vem apresentando redução na qualidade do grão. “Não é possível estimar ainda essa perda, infelizmente a natureza não é tão matemática assim para que a gente consiga cravar um percentual de perda, mas certamente nós teremos uma perda tanto em produção quanto na qualidade do grão colhido”, destaca o analista.
Apesar dos percalços pelo caminho e da preocupação, o trigo ainda traz otimismo aos produtores catarinenses, que necessitam de uma boa colheita para compensar os custos de produção. “Teve muitos desafios durante a safra, a gente teve muita chuva, com todo o clima chuvoso no mês de setembro. A gente teve três meses de chuva com volume de mais de mil milímetros, com bastante doenças nas lavouras. Mas estão com grande potencial as lavouras de trigo de Campos Novos, acreditamos que será uma safra muito boa até então”, relata o produtor Lucas Chiocca.
Safra volumosa
A previsão de uma safra bastante volumosa está mantida no estado. O problema está justamente na produtividade e qualidade dos grãos. “A previsão é de que a gente vá ter uma redução no PH (peso do hectolitro). É possível que a gente tenha um grão mais leve, portanto que não conseguiu fazer um enchimento de grão perfeito. E outro aspecto é a qualidade desse grão. Os grãos giberelados, com mancha de giberela, normalmente são descartados na classificação e comprometem também a qualidade do produto final, que são as farinhas, porque os grãos giberelados estão diretamente relacionados à micotoxinas. Lotes de grãos com índices altos de micotoxinas são rechaçados e não são aproveitados para alimentação humana, muitas vezes nem para alimentação animal”, explica Alves.
Após vários dias seguidos com chuva, o clima em Santa Catarina finalmente está firmando e apresentando condições para a entrada de máquinas para manejo e colheita. “Ainda há muito trigo para colher aqui no estado e as máquinas estão a todo vapor no campo realizando as operações”, relata o analista. A colheita deve ganhar força a partir do dia 15 de novembro no estado.
“Neste ano a safra de trigo está com o desenvolvimento mais lento, foi um ano mais frio, então a cultura está um pouco mais atrasada. O ciclo se alongou, então está um pouco atrasada a colheita, que vai começar a partir de 05 de novembro”, relata Chioca, que espera que as chuvas cessem para garantir a qualidade da colheita.
Confira também