Trigo

Aumento de 50% dos custos de produção do trigo exige planejamento

Após a grande frustração da safra de verão, especialistas apontam a safra de trigo como a primeira oportunidade para os produtores gerarem renda e se capitalizarem. Mesmo com os altos custos de produção, a expectativa é de crescimento na área plantada. O tema foi debatido ao longo do Fórum do Trigo, realizado nesta quarta-feira (09), na Expodireto Cotrijal.

O cenário turbulento deste ano, com estiagem e a guerra na Ucrânia, irá exigir a otimização dos recursos e alta produtividade. “O cultivo eficiente vai ser uma exigência, porque o custo está elevado, apesar dos bons preços neste momento”, avalia o palestrante Tarcísio José Minetto, Economista da FecoAgro/RS e coordenador da Câmara Setorial do Trigo da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Seapdr).

O aumento, no último ano, foi de cerca de 50% para os custos de produção, enquanto o preço de comercialização do trigo variou na faixa de 27%, segundo o economista. Desta forma, a relação de troca é afetada e a produtividade terá que alcançar 59 sacas por hectare para cobrir o custo total.

Em 2021, o Rio Grande do Sul registrou um recorde na produção de trigo. Neste ano, a expectativa para a área plantada é de crescimento. “Com certeza a área aumenta, não sabemos ainda em que velocidade. O produtor, que está descapitalizado em função da perda da safra de verão, vai lançar mão da cultura do o trigo, para que possa começar a se recuperar no curto prazo”, avalia.

Potencial

O potencial da área para o cultivo de trigo não é uma novidade. São cerca de 6,5 milhões de hectares ociosos no inverno no estado. Tendo em vista essa problemática, o Engenheiro Agrônomo, diretor e coordenador da Comissão do Trigo e Culturas de Inverno da Farsul e presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Culturas de Inverno do Ministério da Agricultura (MAPA), Hamilton Guterres Jardim, apresentou o Programa Duas Safras.

O objetivo é incrementar as áreas de inverno ociosas e mostrar oportunidades para geração de renda, sendo que o foco principal é a produção de trigo para a panificação. “Para atender a indústria moageira que é muito carente de trigo. Nós produzimos muito pouco em relação ao que consumimos, e eu tô falando a nível de Brasil”, enfatiza Jardim. Além desse destino, o especialista também cita outras possibilidades. “Nós temos uma oportunidade para suprir o milho, que é altamente demandado como energético pela indústria brasileira de proteína animal […]”, lembra, mencionando ainda o trigo para a exportação e o projeto pró-etanol.

“Nós temos uma frustração horrorosa, uma frustração bilionária no estado do RS e o que nós podemos oferecer para o produtor começar a se movimentar? São as culturas de inverno. Para que ele movimente a sua economia. Já que ele teve prejuízo no verão ele tem oportunidades sem inventar a roda”, explicou o especialista.

Evento

O Fórum ainda contou com a palestra “Soluções tecnológicas estruturantes com cereais de inverno para mitigar os efeitos da estiagem no Sul do Brasil”, proferida pelo Engenheiro Agrônomo e chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski.