As plantas daninhas são apontadas como os principais agentes que podem reduzir a produtividade das lavouras, especialmente com o desenvolvimento da resistência a diversos herbicidas. Nesse contexto, o manejo ficou mais exigente e mais caro. Ainda assim, especialistas defendem que descuidar do manejo pode sair ainda mais caro do que realizar o investimento adequado.
“Às vezes o pessoal fica receoso em fazer um grande investimento num manejo robusto, seja ele de planta de cobertura, de herbicida ou a associação de todos eles. Mas um manejo caro mesmo é não conseguir controlar bem as plantas daninhas e perder produtividade do trigo, do milho, da soja. Esse sim é o custo maior”, afirma Cristiano Piasecki, Diretor e Pesquisador na ATSI Brasil Pesquisa e Consultoria Agronômica.
Em casos em que não é feito controle algum, a Embrapa estima que as perdas podem chegar a mais de 90%. Em média, as perdas na produção de grãos por plantas daninhas estão estimadas entre 13% e 15%.
Manejo Integrado
O principal objetivo do manejo de plantas daninhas deve ser evitar que as plantas produzam sementes. Para isso, é preciso adotar uma série de estratégias que vão além do controle químico. “O herbicida é parte de uma engrenagem que a gente chama de manejo integrado de plantas daninhas”, afirma Piasecki. Além do manejo químico, é preciso considerar o manejo cultural e biológico, adotando estratégias como a rotação de culturas e de princípios ativos. “Se conseguirmos lançar mão de alguma estratégia que inviabilize a planta daninha, já é um avanço, pois na próxima safra a tendência é de ter uma menor infestação”, explica o pesquisador.
Cobertura
Uma das principais estratégias para o controle das plantas daninhas é manter as áreas sempre cobertas, seja com culturas comerciais ou de cobertura. Entre as culturas comerciais, destaca-se o trigo no inverno, que permite um manejo ainda mais eficiente devido ao investimento na produtividade e qualidade da lavoura. “Acima de tudo, nós vamos fazer o manejo de plantas daninhas antes e durante a cultura do trigo. Segundo ponto, existe uma cultura ali, então aquelas plantas do trigo vão crescer, se desenvolver, ocupar o espaço e, de certa forma, limitar o crescimento e desenvolvimento das plantas daninhas, tudo isso é benéfico. Outro ponto é a questão da palhada, a partir do momento que a gente colhe o trigo, fica uma camada de palha bem interessante”, aponta Piasecki.
Independente da cultura cultivada como cobertura, o mais importante é não deixar a área em pousio. “A lavoura em pousio é o cenário que beneficia praticamente exclusivamente a planta daninha porque ela tem acesso a todos os recursos do ambiente, como água, luz e nutrientes, e aí ela cresce e se desenvolve muito bem e produz sementes”, explica o pesquisador. Nesse contexto, ele recomenda o manejo antecipado, mas ressalta que a recomendação específica e o intervalo entre a aplicação e a semeadura da próxima cultura dependem das plantas daninhas presentes em cada área.