Política

Governo federal anula leilão de arroz importado

Secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller pede demissão do cargo

Conab pretende realizar um novo leilão | Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Conab pretende realizar um novo leilão | Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O governo federal anunciou nesta terça-feira (11) a decisão de anular o leilão em que adquiriu 263,37 mil toneladas de arroz importado. O leilão público de compra foi realizado na quinta-feira (6) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A decisão foi comunicada em coletiva de imprensa com o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, e os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. O anúncio ocorreu após reunião com o presidente Lula no Palácio do Planalto.

Desde a realização do leilão, foram levantadas suspeitas de que as empresas vencedoras não teriam capacidade de entregar o produto. “As empresas [vencedoras] demonstraram fragilidade financeira em operar montante de dinheiro público”, disse o ministro Paulo Teixeira.

De acordo com Fávaro, nenhum recurso foi transferido na operação. “A gente tem que conhecer a capacidade [das empresas], é dinheiro público e que tem que ser tratado com a maior responsabilidade”, disse o ministro.

Nesse modelo de leilão, as empresas participam representadas por corretoras em Bolsas de Mercadorias e Cereais e só são conhecidas após o certame.

Edegar Pretto afirmou que a Conab pretende realizar um novo leilão com apoio a Advocacia-Geral da União (AGU) e da Controladoria Geral da União (CGU) para ter garantias de que as empresas tenham capacidade de entregar o arroz. Ainda não há data para o novo leilão. O governo pretende adquirir 300 mil toneladas de arroz beneficiado importado.

A importação de arroz foi anunciada no início do mês passado com o objetivo garantir o abastecimento e estabilizar os preços do produto no mercado interno, que tiveram uma alta média de 14%, chegando em alguns lugares a 100%, após as inundações no Rio Grande do Sul em abril e maio deste ano. O estado é responsável por cerca de 70% do arroz consumido no país. A produção local foi atingida tanto na lavoura como em armazéns, além de ter a distribuição afetada por questões logísticas no estado.

Neri Geller

Há suspeita de conflitos de interesse de Geller no leilão | Foto: Cleia Viana/Arquivo Câmara dos Deputados

Além da anulação do leilão, também foi anunciado que o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, pediu demissão. O pedido foi aceito pelo ministro Carlos Fávaro. Há suspeita de conflitos de interesse de Geller no leilão.

Matéria do site Estadão informa que o diretor de Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, responsável pelo leilão, é uma indicação direta do secretário. Além disso, a FOCO Corretora de Grãos, principal corretora do leilão, é do empresário Robson Almeida de França, que foi assessor parlamentar de Geller na Câmara e é sócio de Marcello Geller, filho do secretário, em outras empresas.

O ministro Fávaro confirmou que aceitou a demissão do secretário. “Ele [Geller] fez uma ponderação que, quando o filho dele estabeleceu a sociedade com esta corretora lá de Mato Grosso, ele não era a secretário de Política Agrícola, portanto, não tinha conflito ali. E que essa empresa não está operando, não participou do leilão, não fez nenhuma operação, isto é fato. Também não há nenhum fato que desabone e que gere qualquer tipo de suspeita, mas que, de fato, isso gerou um transtorno e, por isso, ele colocou hoje de manhã o cargo à disposição”, explicou Fávaro.

Com informações da Agência Brasil