Política

Discussão sobre agronegócio em escola gera polêmica

Uma discussão sobre agronegócio entre um aluno e professor viralizou nas redes sociais nos últimos dias. O áudio foi gravado durante uma palestra da ativista indígena e pré-candidata à Deputada Federal pelo PSOL-SP, Sonia Guajajara, na escola particular Avenues, em São Paulo – SP. Na gravação, o aluno contesta a palestrante, defendendo o agronegócio, e é repreendido pelo professor.

As falas da palestrante não foram registradas no áudio que circula nas redes sociais. Ela também não se manifestou sobre o assunto até o momento desta publicação. Na gravação, o aluno afirma: “Eu acho que você se equivocou. Porque democracia é um modelo de governo. Você tirar o que é de alguém não é modelo de governo, desculpa te falar isso. Isso é roubo de propriedade privada. E eu acho que futuramente, talvez se você concordar, você poderia melhorar isso, na próxima”, diz o adolescente.

Ele continua falando sobre o uso de agrotóxicos no Brasil. “Você falou que os agrotóxicos estão destruindo a mata, eu concordo com você, estão mesmo. Esses agrotóxicos que atualmente são utilizados, não sei se vocês sabem, mas no Brasil só podem ser utilizados três agrotóxicos. Porque partidos como o que você apoia não liberam os outros mais novos que não desmatam, impedindo o desenvolvimento da agricultura. Então, por favor, melhore”, disse, sem citar fontes para os dados mencionados.

Na sequência, o professor, identificado como Messias Basques, repreende o aluno, citando suas diplomações acadêmicas. “Você vai se lembrar com esse dia com muita vergonha”, diz o educador. “Me respeite porque eu sou um doutor em Antropologia, eu não tenho opinião, sou especialista por Harvard. Isso é ciência do que estamos falando. No dia em que você quiser discutir com a gente, traga o seu diploma e a sua opinião fundamentada em ciência, aí você discute com um especialista em Harvard, com doutor em Antropologia no Museu Nacional e uma mulher que é premiado no Brasil e no mundo, não porque tem opinião, mas porque tem gabarito, mérito”, afirma na gravação.

A escola, em comunicado enviado aos pais e imprensa, afirma que a palestrante foi convidada por meio da Gender Equity Month (Mês da Equidade de Gênero) e que a ação faz parte de um esforço para que os alunos interajam com diferentes segmentos. “Durante o momento reservado a perguntas no evento da semana passada, um aluno discordou da Sra. Guajajara de maneira desrespeitosa. Em seguida, um professor corrigiu o aluno de uma maneira que também foi inapropriada. Além disso, um aluno gravou a sessão sem autorização, e um trecho foi divulgado publicamente fora da nossa comunidade. Na Avenues, quando ocorre um conflito, trabalhamos diretamente com as partes envolvidas, de maneira reservada, para aprendermos juntos e nos respeitarmos. Infelizmente, essa questão veio a público de forma imprópria, e agora se torna necessário esclarecer os eventos”, diz o comunicado.

A situação foi criticada pela Confederação Nacional da Agricultura. “Uma das premissas básicas de um ambiente escolar é a pluralidade de opiniões. Professores e educadores precisam estar preparados para a diversidade de ideias na sala de aula. Só assim a escola conseguirá formar cidadãos que saibam conviver em um ambiente democrático e com espírito de coletividade”, diz o comunicado da CNA, que também se coloca à disposição de professores, escolas e alunos para esclarecer questões sobre o setor.

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