Nos últimos dias, o Brasil foi surpreendido por cenas chocantes durante a campanha eleitoral de um candidato a prefeito de uma das maiores cidades do país. Em um ato inesperado e violento, o candidato desferiu uma cadeirada contra seu oponente, transformando o cenário político em um verdadeiro ringue. No entanto, para o agricultor brasileiro, essa “cadeirada” não é novidade. Diariamente, ele enfrenta “golpes” vindos de diferentes setores da sociedade, recebendo críticas de políticos, artistas, ministros e até do presidente da república.
As “Cadeiradas” no Mundo Político
A violência no ambiente político reflete a polarização que domina as discussões públicas. Palavras se transformam em armas, e os argumentos são trocados por ataques pessoais. Contudo, quando pensamos em cadeiradas simbólicas, é difícil não traçar um paralelo com o que ocorre no campo. Assim como aquele candidato golpeou seu oponente, o agricultor brasileiro enfrenta uma enxurrada de críticas que, dia após dia, tentam deslegitimar sua importância e esforços.
Em uma música polêmica, um famoso artista brasileiro associou o agronegócio ao desmatamento e ao uso excessivo de agrotóxicos, com versos que afirmavam:
“Vocês já não tão nem aí com aquelas vidas / Vejam como é que o ogrobis desumaniza.”
Eu sinceramente não conheço esse músico, e não vou fazer questão de conhecer, mas para muitos brasileiros isso ecoa em seus ouvidos e cria uma imagem negativa de nosso setor.
Para muitos produtores, essas palavras soaram como verdadeiras cadeiradas, ignorando os avanços tecnológicos, o uso de práticas sustentáveis e o esforço para alimentar uma população crescente. O agricultor, muitas vezes, é o alvo fácil de acusações infundadas, sendo responsabilizado por problemas complexos e de âmbito global.
As “Cadeiradas” Contra o Agricultor
O agricultor brasileiro é resistente. Ele lida com a imprevisibilidade do clima, os altos custos de produção e as constantes pressões do mercado internacional. No entanto, o que mais pesa sobre seus ombros são as críticas que vêm de figuras influentes, que deveriam entender melhor a dinâmica do campo.
Políticos e ministros, que, por vezes, defendem uma visão simplista do agronegócio, muitas vezes lançam suas próprias cadeiradas.
A atual ministra do meio ambiente em uma sessão no plenário chamou o agronegócio de “ogronegocio” e declarou que “o agronegócio é o vilão da preservação ambiental”, sem considerar os milhões de hectares preservados pelos produtores, as inovações no uso de defensivos e a busca por uma agricultura de baixo impacto.
Os números não mentem, e sob a liderança dela, os nossos números são vergonhosos, seria fácil criticar, mas não vou usar do mesmo artificio de dar cadeirada, temos que olhar o número e agir ao invés de criticar sem ação.
Essas “cadeiradas”, lançadas de cima para baixo, ignoram que o Brasil é um dos países que mais preserva suas florestas, sendo a maior parte dessa preservação em áreas privadas, muitas delas pertencentes aos próprios agricultores.
Quem realmente age e nos ensina a preservar — e não apenas falar, cantar ou escrever sobre o assunto — é o agricultor brasileiro, que protege quase 25% do território nacional sem receber nada em troca por isso.
As palavras carregam um peso enorme, e isso não é diferente no cenário político e no agronegócio. Quando um candidato arremessa uma cadeira, o impacto visual é imediato. No entanto, as palavras ditas por figuras públicas, mesmo que não tão visíveis, podem ter efeitos devastadores.
Lembro-me de uma frase dita por um ator brasileiro, famoso por interpretar o Capitão Nascimento no filme “Tropa de Elite”, um papel de destaque que eu apreciei muito. Ele afirmou: “O agronegócio brasileiro está manchado com o sangue da Amazônia. Precisamos de um modelo de desenvolvimento mais inclusivo e sustentável.” Essa declaração circulou amplamente nas redes sociais e teve um grande alcance, já que esse ator também atua em Hollywood.
Para o agricultor que acorda cedo, trabalha a terra e depende da colheita para sustentar sua família, esse tipo de comentário soa como uma verdadeira “cadeirada”, ignorando o sacrifício e o compromisso com a produção de alimentos de qualidade. Cada crítica superficial é um golpe que desconsidera o esforço daqueles que sustentam a economia brasileira e alimentam o país.
Mas há palavras que, para mim, são ainda piores do que uma cadeirada física. Vêm do nosso maior líder, o homem que deveria abrir mercados, defender o setor mais importante da nossa economia e ser o principal defensor contra ações protecionistas impostas por nossos concorrentes. Ao invés de proteger os bons agricultores e punir os que não seguem as regras, suas falas muitas vezes representam uma agressão generalizada ao setor. Aqui estão algumas de suas declarações:
“O agronegócio precisa entender que não pode continuar avançando sobre a Amazônia e o cerrado como se fosse dono de tudo.”
“O problema é que uma parte do agronegócio acha que pode produzir sem se preocupar com a preservação ambiental.”
“O Brasil não pode ser visto apenas como um celeiro de commodities. Temos que agregar valor e proteger nossos recursos naturais.”
“Quando o agronegócio faz vista grossa para o trabalho escravo, está ajudando a destruir a imagem do Brasil no exterior.”
“O agronegócio não pode ser o único a ganhar, enquanto pequenos agricultores e comunidades indígenas sofrem com a perda de suas terras.”
“O Brasil não pode ser um depósito de agrotóxicos banidos em outros países. Precisamos ser responsáveis com o que estamos colocando no solo e na comida.”
“Uma parte do agronegócio age como se fosse dona do Brasil, desrespeitando a legislação ambiental e o direito das comunidades tradicionais.“
“Não é possível que o agronegócio brasileiro continue ignorando as mudanças climáticas e os danos que causa ao meio ambiente.”
Essas declarações, vindas de alguém com tamanha influência, são sentidas pelos agricultores como golpes que minam o setor.
A Verdadeira Força do Agricultor
No entanto, assim como o candidato golpeado se levantou após a cadeirada, o agricultor brasileiro também se reergue após cada crítica. Ele responde com inovação, com produção sustentável, com a preservação do meio ambiente e com a missão de alimentar milhões.
A resiliência do agricultor é algo que transcende as barreiras políticas e artísticas. Ele sabe que, ao final, é seu trabalho que transforma o solo em alimento, a chuva em colheita e o campo em prosperidade.
Assim como em uma campanha política, o agricultor sabe que as cadeiradas virão, mas ele permanece firme, trabalhando, inovando e mantendo o Brasil no topo da produção agrícola mundial.
Ao fim, a analogia entre a política e o campo revela que, independentemente dos ataques, o produtor brasileiro continuará plantando, cuidando e colhendo. As cadeiradas que ele recebe, tanto do clima quanto das figuras públicas, só reforçam sua determinação em prosperar, mostrando que, no ringue da vida, quem vence é aquele que permanece de pé.
Opinião
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