A avicultura e a suinocultura do Brasil encerrarão o ano com novos recordes e projetam crescimento para o próximo ano, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). As informações foram apresentadas hoje (12) em coletiva de imprensa realizada em São Paulo (SP).
No caso da carne de frango, a ABPA prevê uma produção total de até 15 milhões de toneladas em 2024, número cerca de 1,1% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, com 14,833 milhões de toneladas. Porém, o resultado está abaixo do que era esperado pelo setor, que tinha a expectativa de produção de 15,1 milhões de toneladas.
Entre os motivos elencados para essa redução estão os 166 focos influenza aviária, a maioria em aves silvestres, e o caso positivo de Newcastle no Rio Grande do Sul, o que teria levado a um aumento dos investimentos em biosseguridade. Além disso, o setor sofreu a influência do preço do milho e do calor acentuado.
Em relação à influenza, a ABPA reforça que o país segue classificado como uma zona livre da doença. “Vamos reforçar mais ainda a nossa biosseguridade e talvez teremos novas oportunidades de crescimento em exportações”, afirma o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
O caso de Newcastle gerou impactos no setor em julho e agosto, com uma redução de 11% na receita, que caiu R$ 96 milhões, e de 18% no volume exportado. A avaliação, porém, é de que o caso foi tratado com transparência, o que permitiu a retomada das exportações e recuperação rápida do setor. O impacto foi maior no Rio Grande do Sul, que deve fechar o ano com queda de 5% a 7% das exportações de aves e que acumula queda de 13% nas receitas até novembro. Atualmente, nove mercados seguem fechados para o estado e 29 restringem importações de um raio de 10 quilômetros de onde o caso foi identificado. Além da doença de Newcastle, o estado foi impactado também pelas enchentes de abril e maio.
A maior parte da produção nacional de frangos, 9,7 milhões de toneladas, o correspondente a 65,35% do total, foram destinadas ao mercado interno, volume quase equivalente ao total referente a 2023, com 9,694 milhões de toneladas. O consumo per capita deverá ficar em 45,6 quilos, índice 1,1% acima do registrado no ano passado, com 45,1 quilos.
Já no mercado internacional, as exportações de carne de frango deverão totalizar 5,3 milhões de toneladas em 2024, número 3,1% superior ao volume embarcado em 2023, com 5,139 milhões de toneladas. O Brasil é responsável por 14% da produção mundial da proteína.
A China segue como principal destino das exportações, ainda que com uma queda de 19,5% no volume importado. Em seguida, estão os Emirados Árabes Unidos, Japão, Arábia Saudita e África do Sul.
Para 2025, o setor projeta produzir até 15,3 milhões de toneladas (+2,7%), com disponibilidade de cerca de 9,9 milhões de toneladas (+2,1%), com consumo per capita de 46,6 quilos (+2,2%) e exportações de até 5,4 milhões de toneladas (+1,9%).
“O quadro econômico brasileiro deverá manter sustentados os níveis de consumo no mercado interno, apoiados pela manutenção da competitividade do setor. Já no cenário externo, são esperadas novas aberturas de mercados na América Central e em países da África, além do reforço dos embarques para outras nações da América Latina e Ásia, o que deve ampliar a diversificação de destinos para os nossos produtos”, avalia Ricardo Santin.
Carne Suína
No caso da carne suína, a produção deverá fechar o ano de 2024 em 5,35 milhões de toneladas, número 3,8% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, com 5,156 milhões de toneladas. O número também está acima da expectativa inicial do setor. Desse total, 76,15% foi destinado para mercado interno e 23,85% para o mercado externo. O Brasil responde por 4% da produção mundial de carne suína e há a possibilidade e atingir o primeiro lugar na produção mundial no ano que vem.
A disponibilidade interna da proteína totalizará cerca de 4 milhões de toneladas, número 1,9% superior à disponibilidade registrada no ano passado, com 3,926 milhões de toneladas. O consumo per capita do setor neste ano crescerá até 3,8%, podendo alcançar 19 quilos per capita.
Já as exportações do setor deverão fechar o ano com 1,35 milhão de toneladas embarcadas, saldo até 9,8% superior ao registrado em 2023, com 1,23 milhão de toneladas.
Os destinos da carne suína passaram por uma importante mudança. A China caiu para a segunda posição no ranking, com redução de 38,9% das importações de carne suína brasileira. Essa queda foi compensada pelo aumento das exportações para outros países, principalmente as Filipinas, que assumiram o primeiro lugar com aumento de 107,6% nos embarques. Conforme Santin, essa mudança evidencia um esforço do mercado brasileiro para diversificar os destinos e garantir a sustentabilidade do setor.
Para 2025, o setor projeta uma produção de até 5,45 milhões de toneladas (+2%), com disponibilidade interna de 4 milhões de toneladas (estável), consumo per capita de 19 quilos (estável) e exportações alcançando até 1,45 milhão de toneladas (+7,4%).
“No mercado externo, existe expectativa de melhora do fluxo para a China, além da habilitação de novas plantas para destinos da América Latina, que se somarão à continuidade da demanda de mercados em pré-listing, como Filipinas e Chile. O consumo interno de carne suína deverá ser influenciado positivamente pela boa competitividade do produto entre as carnes, também influenciado pelos custos de produção em patamares equilibrados”, ressalta Santin.
Ovos
Já para o setor de ovos, a produção deste ano de 2024 deverá alcançar 57,6 bilhões de unidades, número 9,8% maior em relação ao ano anterior, com 52,448 bilhões de unidades.
O consumo per capita chegará a 269 unidades em 2024, número 11,2% maior em relação ao registrado no ano anterior, com 242 unidades.
As exportações do setor deverão alcançar 18 mil toneladas, volume 29,5% menor em relação ao ano passado, com 25,404 mil toneladas.
Para 2025, o setor projeta produção de 59 bilhões de unidades (+2,4%), com consumo per capita de até 272 unidades (+1,1%) e embarques de 21 mil toneladas (+16,7%).
“Há expectativas otimistas sobre o incremento dos níveis de consumo de ovos no Brasil, alcançando patamares nunca antes experimentados, o que reforça a consolidação da proteína como item básico de consumo no país. No mercado internacional, espera-se a abertura do mercado do bloco europeu e do Reino Unido para o produto já no próximo ano, o que deverá mudar o fluxo de exportações para níveis positivos”, ressalta o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Com informações da ABPA