Até o início de agosto, os fundamentos de mercado apontavam para reduções do preço do leite ao produtor e a expectativa dos agentes era de que o terceiro trimestre seguisse essa trajetória. Porém, esse cenário mudou de forma rápida e drástica, segundo o Boletim do Leite de Setembro do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
Ao contrário da expectativa de aumento da disponibilidade de leite e de lácteos, agora é esperada uma menor oferta. Com isso, o leite captado em agosto deve apresentar alta, de 1% a 2%, a depender da região. Esse movimento de valorização deve ganhar força a partir de setembro.
O principal fator para essa reviravolta no setor é o clima extremo, com o excesso de chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul e o calor que intensificou a entressafra no Sudeste e Centro-Oeste. Agora, as queimadas em setembro fizeram esse cenário se agravar a nível nacional. Além de comprometer o bem-estar animal, os incêndios têm prejudicado a produção de forragens para alimentação animal, o que eleva o custo de produção e limita a oferta.
“Como a produção não se recuperou conforme o previsto, os estoques de lácteos nas indústrias não foram repostos como esperado. O consumo, por sua vez, tem se mantido firme; e os estoques, nos laticínios, já estão abaixo do normal – o que pode elevar as cotações em setembro”, avalia o Boletim.
Além disso, outro fator que contribui para a menor disponibilidade de lácteos entre agosto e setembro é a diminuição das importações.
Importações
Em agosto, as importações brasileiras de lácteos caíram 25,19% em relação a julho e 4,6% sobre o mesmo período do ano passado. As exportações também diminuíram, expressivos 57,14% no comparativo mensal e 29% no anual. Como resultado, o déficit da balança comercial (em volume) recuou 23,9% de julho para agosto, para aproximadamente 183,6 milhões de litros em equivalente leite, gerando um saldo negativo de US$ 81 milhões.
Derivados
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) revela que, em agosto, os preços médios tanto do leite UHT quanto do leite em pó de 400g caíram frente ao mês anterior, em 3,55% e 1,92%, respectivamente. Já a muçarela se valorizou 1,88% em igual comparativo, chegando a R$ 32,01/kg.
COE fecha estável em agosto
Em agosto, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira ficou praticamente estável, com leve queda de 0,09% frente ao mês anterior, na “média Brasil” (bacias de BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS). Com o resultado, o COE acumula variação negativa de 0,77% na parcial de 2024.
Fonte: Cepea