Conforme esperado pelos agentes do setor, o preço do leite captado em setembro seguiu em alta. A pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro).
O preço do leite pago ao produtor acumula avanço real de 36,4% desde o início de 2024. Porém, a média de janeiro a setembro deste ano (de R$ 2,58/litro) é 4,7% inferior ao mesmo período de 2023.
A valorização do leite cru em setembro se explica pela maior competição dos laticínios e cooperativas na compra de matéria-prima – num contexto em que a oferta vinha crescendo de forma lenta, devido ao clima mais seco (sobretudo no Sudeste e Centro-Oeste) e aos estoques de lácteos em volumes abaixo do normal.
Mesmo com as adversidades climáticas, a captação de leite em setembro seguiu em alta por conta da estratégia das indústrias em assegurar volume para reabastecer seus estoques. Assim, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea subiu 8,3% de agosto para setembro.
A elevação da captação foi possível devido ao aumento dos preços no campo, acompanhando a valorização dos lácteos em setembro. A pesquisa do Cepea com apoio da OCB mostrou que o leite UHT, o queijo muçarela e o leite em pó se valorizaram 7,6%, 2,7% e 1,3% no atacado paulista em setembro.
Porém, o movimento altista pode não perdurar por muito tempo. O avanço da captação e o recuo nas cotações dos derivados e do leite spot a partir da segunda quinzena de outubro fortalecem a perspectiva de que os preços no campo em outubro possam apresentar viés de queda.
Fonte: Cepea