Ovos

"O Brasil não tem perigo de ficar sem ovo na prateleira", afirmam especialistas

Com a alta nos insumos (milho e farelo de soja), o poder de compra do avicultor é desfavorável pelo quinto mês consecutivo.

Para 2023, a produção deve atingir 51 bilhões de ovos, com consumo per capita de 235 unidades, de acordo as estimativas da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número é superior, inclusive, ao volume que era consumido pelos brasileiros antes da pandemia de Covid-19. “Durante a pandemia, crescemos em oferta, indo para 54 bilhões de ovos. E depois a produção caiu para 52 bilhões de unidades em 2022, por conta de um aumento expressivo do seu principal insumo que é o milho e o farelo de soja (80% do custo de produção)”, explica o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Santin explica que o Brasil não deve de ficar sem ovo na prateleira. “O mundo sim está sofrendo falta desse produto por conta de surtos da influenza aviária nos Estados Unidos, Japão e Europa. E isso está fazendo o mundo buscar, no Brasil, mais alternativas para vender ovos para esses países”, explica.

A menor produção de ovos no mercado internacional ocorre em função do clima (seca e calor forte), custos de produção e também da influenza aviária, doença que já matou cerca de 58 milhões de aves em 47 estados norte-americanos, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Exportação

O custo de produção do avicultor subiu mais de 150% nos últimos dois anos, segundo a ABPA, isso vem pressionando o crescimento na produção. “Estimamos um crescimento de até 0,5% na produção de ovos, frente a um crescimento no consumo de quase 5%”, explica o analista de mercado da Scot Consultoria, Felipe Fabbri.

Fabbri explica que o país tem a oportunidade de exportar mais, mas ainda não seria um motivo para faltar produtos. Isso porque a exportação de ovos in natura representam menos de 0,5% do que produzimos de acordo com a ABPA. “Há várias dificuldades ligadas à logística para a exportação de ovos. Mas podemos ter incremento no processamento para exportação de ovoprodutos, mas não de ovos in natura“, ressalta Fabbri.

Preços

Nos últimos seis meses os preços dos ovos tem aumentado para o consumidor, de acordo com dados do USDA. “Para os varejistas, no meio do ano passado, uma dúzia de ovos estava US$ 2,20, já no fim do ano, estava custando 5,40 dólares por dúzia. Apesar dos preços iniciarem o ano em queda, atualmente seguem em movimento de alta custando 3,40 dólares por dúzia. Esse movimento está relacionado a sazonalidade de fim de ano, ao maior consumo. Contudo, não vemos indícios para falta o produto no mercado”, explica o analista de mercado da HN Agro, Hyberville Neto.

No Brasil, o movimento de alta em 2022 parou com a queda nos preços no fim do ano, ficando em R$ 145,00 a caixa com 30 dúzias para retirar em Bastos/SP. E nessa semana, a variação foi positiva, sendo cotado a R$ 158,30 a caixa com 30 dúzias. “O ovo branco, por exemplo, no fim do ano a caixa com 30 dúzias, à vista, estava cotada em R$ 145,68. Na metade de janeiro os preços tiveram uma variação negativa de -5,40% (R$ 133,42) e no fim do mês acabou subindo novamente, ficando em R$ 139,00”, explica Neto.

Relação de troca

O cenário é de recuperação depois dos últimos reajustes. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o mercado iniciou a semana com ofertas mais limitadas e com alta na demanda. Portanto, esse cenário abre espaço para novos reajustes de preços. Fabbri frisa que no Brasil, o preço dos ovos vai seguir firme.

Contudo, com a alta nos insumos (milho e farelo de soja), o poder de compra do avicultor é desfavorável pelo quinto mês consecutivo.

*atualizado em 02 de fevereiro às 10 horas