Uma das dúvidas mais comuns de produtores de aves poedeiras, principalmente de sistemas extensivos, se refere à queda de postura no outono, mais evidente com a diminuição do fotoperíodo nesta época do ano. Mas é possível evitar essas perdas adequando o manejo, fornecendo iluminação complementar à luz natural e mantendo sempre a atenção na alimentação equilibrada das aves.
“Muitos avicultores pensam que a redução da produção nesse período de dias mais curtos – mais perceptível nos estados do Sul do Brasil, por estarem mais longe da linha do Equador – pode estar associada à troca de ração realizada no início da postura, mas a queda na quantidade de ovos que as galinhas botam nesse estágio de decréscimo de luz é natural nas aves, pois o número de horas de luz interfere diretamente na reprodução dos animais”, explica a médica-veterinária Luciana Campos, coordenadora de produtos da Guabi Nutrição e Saúde Animal.
“Para a produção de ovos não cair, além de uma nutrição equilibrada em cada fase, é fundamental dar o manejo de luz adequado para cada etapa da criação, respeitando o seu bem-estar, pois o desenvolvimento e a manutenção da produção estão diretamente ligados à maturação sexual das aves, que ocorre através da percepção de luz”, orienta a especialista. Segundo ela, a ave criada e recriada só com luz natural pode ter a produção futura afetada, já que quando a fase de recria ocorre em dias de luminosidade crescente, a maturação acontece precocemente.
Para manter o nível de produção quando diminui a luminosidade natural (dias mais curtos, com menor número de horas de luz), a orientação é usar luz artificial antes do nascer do sol e depois do pôr do sol, conforme as normativas de criação de aves caipiras, com mínimo de 8 horas de escuro e máximo de 16 horas de luz. De acordo com a veterinária, o ideal é que o programa de iluminação para iniciar a postura seja trabalhado a partir da 17ª semana. “Nessa fase, a ave que já adquiriu peso está apta para reprodução; devemos iniciar gradativamente o período de fotoestimulação através do aumento de horas de luz por dia disponível para o animal, o que vai melhorar a produção de óvulos, estimulando o desenvolvimento e a maturação sexual”, destaca. Caso contrário, se a luminosidade for reduzida nessa etapa, as aves diminuirão o estímulo de produção de hormônios sexuais, o que atrasará o início da maturação sexual e, consequentemente, o início da postura.
Entretanto, conforme Luciana Campos, um problema recorrente dos produtores de ovos é a carência de informações sobre a importância do período adequado de luz também na recria, que vai da décima até a 16ª semana. Na recria, a luminosidade precisa diminuir, pois a ave se torna mais responsiva ao fotoperíodo e pode ter a maturidade do órgão reprodutivo precocemente estimulada caso seja aumentado o período de luz. Sem a iluminação correta para a recria, é comum os avicultores não terem certeza sobre o período certo de introduzir a ração de postura, que inclui mais cálcio, fósforo e proteína, e é indicada somente para quando o lote de aves inicia a postura dos ovos.
No período da fotoestimulação, para o início da postura, a nutrição recomendada para as aves visa equilibrar proteínas, energia e minerais. Para os sistemas mais intensivos de produção, o ideal é oferecer ração que contenha carotenoides pigmentantes naturais, para melhor coloração da gema, além de minerais orgânicos, prebióticos e probióticos, para melhorar a saúde intestinal das aves e a absorção de nutrientes. “Se a nutrição adequada não for acompanhada de um bom manejo, o produtor não obtém a performance esperada”, conclui Luciana Campos.
Fonte: Guabi Nutrição e Saúde Animal