Mercado

Mercado do boi gordo vive turbulências no primeiro trimestre, mas se recupera com retomada das exportações à China

Comprovada a atipicidade da doença, a exportação foi retomada durante a visita da delegação brasileira à China.

Artigo do analista de mercado da Scot Consultoria, Alcides Torres

De janeiro a março, o mercado do boi gordo viveu uma tormenta. Quando é assim, o mercado emprega o termo “volátil”. Em janeiro, a cotação da arroba do boi gordo estava largada, sem força. Os compradores sem interesse em comprar e o pecuarista sem interesse em vender.

O mercado só melhorou no final de janeiro e foi assim até 23 de fevereiro, quando foi anunciado um possível caso do mal da “vaca louca”. O mercado então desandou de vez. A China, principal destino da carne bovina brasileira, deixou de ser atendida, pois nesses casos, segundo o protocolo de sanidade celebrado, a exportação é suspensa pelas autoridades brasileiras.

A cotação para boiadas destinadas ao mercado interno caiu e as compras do boi China (bovinos com até 30 meses) desapareceram. Nada bom.

Retomada do mercado asiático

Comprovada a atipicidade da doença, a exportação foi retomada durante a visita da delegação brasileira à China. A retomada dos embarques foi autorizada pelas autoridades chinesas. É assim que funciona, a gente suspende e são eles quem podem liberar.

Com a liberação, o mercado ganhou força. A cotação da arroba do boi gordo destinado ao mercado interno subiu e as ofertas de compra para o boi China reapareceram. A diferença do preço da arroba para exportação chegou a R$25,00. Um belo ágio.

Aliás, a cotação já esboçava reação antes mesmo da liberação, pois os vendedores, os pecuaristas, estavam firmemente na retranca.

No começo de abril, véspera do feriado de Páscoa, o mercado bambeou novamente, os preços caíram em São Paulo, praça balizadora de preço, e ficaram estáveis nas demais praças pecuárias. Na verdade, nas demais praças, oscilaram um pouco para cima e um pouco para baixo.

A exceção foi o Acre, onde a cotação subiu. A dificuldade de transporte, em função do estado lamentável das estradas, fez o preço subir.

Temos ainda um abril com pastagens e por isso o mercado deverá ter preços relativamente sustentados. Mudança de comportamento deverá acontecer em maio, quando tudo muda e o capim seca.

Aí, a oferta de boiadas aumenta e o preço tende a cair.

Mas será assim?

Não se sabe, mas é o que acontece quando todo mundo tenta aproveitar até a última folha do capim.

Fonte: ScotConsultoria