Até a meados de outubro, o preço médio da tonelada de trigo estava em R$1.434,13 (Cepea), uma queda de 3,0% em relação à média em setembro e 39,0% maior em comparação com outubro de 2023.
O mercado do trigo está volátil, sob influência de fatores geopolíticos e climáticos em diversas regiões do mundo, com efeitos diretos sobre o Brasil.
A safra atual traz incertezas, e o foco cai sobre as condições climáticas adversas que estão afetando a colheita no sul do país, especialmente no Rio Grande do Sul e no Paraná, que são os principais produtores. No Rio Grande do Sul, há um atraso na colheita, enquanto no Paraná os problemas de qualidade podem abrir espaço para um aumento nas importações. Diante disso, os agentes do setor mantêm uma postura cautelosa, resultando em um ritmo lento de negócios.
A expectativa é que o Brasil importe cerca de 6 milhões de toneladas de trigo, enquanto as exportações devem alcançar 3 milhões de toneladas. A entrada de trigo no mercado interno e a venda de estoques pelos produtores têm pressionado os preços para baixo, consolidando uma tendência de queda no curto prazo. Ademais, a seca que ameaça a safra argentina pode tornar as importações mais difíceis.
No cenário internacional, a recente intervenção do governo russo, que estabeleceu preços escalonados para o trigo exportado, inicialmente gerou uma queda nos preços, mas espera-se que esse efeito seja temporário. A Rússia também anunciou um aumento de 41,0% na sua tarifa de exportação, que vigora desde 16 de outubro.
Na Índia, o governo aumentou o preço oficial de compra do trigo em 6,6%, fixando-o em US$28,88 por saco de 100 quilos para 2025, o que equivale a R$ 98,08 por saco de 60 quilos. Nos Estados Unidos, a semeadura do trigo de inverno alcançara 64,0% da área prevista até 13 de outubro, abaixo da média histórica de 66,0%.
Em relação à Ásia e China, a produção de trigo segue estável, sem causar grandes impactos no mercado global. Já a Austrália espera uma safra melhor do que a do ano anterior, embora uma geada entre o final de setembro e início de outubro possa afetar negativamente a colheita.
No curto prazo, apesar das expectativas de preços baixos, os riscos climáticos e geopolíticos sugerem que o mercado de trigo deve continuar em clima de atenção até o final do ano.
Fonte: Scot Consultoria