Prejuízos

Estiagem e geadas levam à quebra de pelo menos 17% na safra paranaense de trigo

Atualmente, apenas 42% das lavouras de trigo no Paraná estão em boas condições

A estimativa de produção de trigo na safra 2024 no Paraná foi reduzida de 3,8 milhões para 3,1 milhões de toneladas, uma quebra de 17% em relação à projeção inicial da safra e 14% menor do que a produção paranaense do ano passado, quando o estado colheu 3,6 milhões de toneladas. Os dados foram divulgados no Boletim Semanal publicado nesta quinta-feira (29) pelo Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná.

Essa redução decorre principalmente da estiagem no norte e oeste do estado, mas também por causa das geadas recentes que impactaram as lavouras paranaenses. Os prejuízos das geadas ainda estão sendo contabilizados, portanto o impacto pode ser ainda maior na produção estadual.

“Essas últimas geadas foram um pouco mais fortes das que aconteceram em 13 de agosto e elas preocuparam bastante, inclusive porque o trigo nesse momento já estava mais adiantado do que estava naquele momento, portanto muitas lavouras novas estavam suscetíveis na região que foi afetada”, explica o Coordenador da Divisão de Conjuntura do Deral, Hugo Godinho.

Segundo o analista, mais de 60% das lavouras do Paraná estavam em fases entre o emborrachamento e o fim de enchimento de grãos, quando o trigo é mais prejudicado pelas geadas. “Pode ocasionar desde perdas pontuais, quando as espigas estão parcialmente formadas ainda e algumas se recuperam […], até perdas totais nas lavouras, como já é o caso de algumas lavouras identificadas no interior do Estado”, explica Godinho.

Os prejuízos devem ficar mais claros nos próximos dias, especialmente com a ocorrência de chuvas, que devem ajudar a mensurar as perdas. Atualmente, apenas 42% das lavouras de trigo no Paraná estão em boas condições, sendo que 32% são consideradas em condições médias e 26% ruins.

Estiagem

Apesar das geadas, até o momento, o principal fator que levou a redução na estimativa da produção de trigo é a estiagem, que começa a evidenciar seus prejuízos com o avanço da colheita nas áreas mais afetadas. Até o momento, 6% das lavouras do Paraná foram colhidas, principalmente na região Norte do estado. A média de produtividade está em torno de 2 mil kg/ha, frente a expectativa de cerca de 3 mil kg/ha. “Com isso a gente deve ter problemas, principalmente para os moinhos do norte do Estado, que geralmente se beneficiam dessa colheita mais precoce e que poderiam já estar melhor abastecidos, mas agora vão ter que buscar esse trigo em outras regiões”, aponta Godinho.

Trigo em maturação afetado pela seca nos municípios de Assaí e Uraí | Foto: Paulo Mileo/Arquivo Pessoal

Setembro

Para o mês de setembro, o Instituto Nacional de Meteorologia prevê chuvas próximas a abaixo da média no oeste do Paraná e acima da média no Sudeste. Na maior parte do restante do estado, as chuvas devem ficar próximas à média.

“Nós temos pela frente até uma perspectiva razoável de pelo menos estabilização dessas perdas em relação à estiagem, mas ainda há uma preocupação muito grande em relação ao dano que essas últimas geadas ocasionaram, já que elas aconteceram no momento do levantamento e podem ser ter uma dimensão maior do que a gente estava imaginando num primeiro momento”, avalia Godinho.

Frustração

O resumo da safra no Paraná, com a estiagem e as geadas, é de frustração pelos resultados obtidos. Godinho aponta que o custo de produção do trigo foi muito próximo ao valor de mercado do cereal, o que acentua os prejuízos. “A esperança é de que esses últimos trigos a serem colhidos pelo menos venham com uma produtividade melhor e consigam remunerar o produtor para manter o ânimo”, afirma. Nos últimos anos, o trigo vem perdendo área, principalmente para o milho segunda safra.