As temperaturas mais baixas em plena metade de dezembro deixam claro que o clima no Rio Grande do Sul está diferente. Nesta semana, o frio é provocado pela entrada de uma massa de ar seco e fria no estado. Essa condição e as temperaturas mais baixas não são totalmente atípicas para esta época do ano, mas chama a atenção a recorrência do frio e também das chuvas, considerando que as previsões indicavam um mês com precipitações abaixo da média no estado.
Essas inconsistências climáticas estão diretamente relacionadas à neutralidade climática, sistema que substituiu o fenômeno El Niño e está atuando desde junho. Contrariando as expectativas, o fenômeno La Niña ainda não se configurou e a probabilidade de início entre dezembro e fevereiro caiu para 55%. E mesmo que o evento se confirme, é esperado que ele seja fraco e de curta duração, conforme a Organização Meteorológica Mundial (WMO).
Com isso, o verão deverá iniciar no sábado (21) sob influência da neutralidade climática, o que traz incertezas para a estação. “O Oceano Pacífico está um pouquinho mais frio do que a média. Então pode ter nuances de La Niña em alguns períodos, com entradas de massas de ar um pouco mais frias, como a gente está vendo agora em dezembro, mas como a neutralidade também está aí, nós vamos ter essas oscilações de períodos mais quentes, períodos mais frios, períodos mais chuvosos e mais secos”, explica a meteorologista do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Jossana Cera.
Previsão
A atualização do Instituto Nacional de Meteorologia para o trimestre de janeiro a março traz diferentes previsões para o verão nas diversas regiões do estado. De uma forma geral, é esperado um verão relativamente mais seco, com alguns períodos de estiagens um pouco mais prolongadas, com o período crítico entre janeiro e fevereiro, conforme a meteorologista do Irga. Além disso, as temperaturas devem ficar entre normal e acima da média.
Em janeiro, a região da Campanha e Zona Sul devem registrar chuvas abaixo da média. Já no nordeste do estado, há tendência de chuvas acima da média. As precipitações devem ocorrer dentro da normalidade para o mês nas demais regiões do Rio Grande do Sul.
O cenário muda em fevereiro, com previsão de chuvas abaixo da média em praticamente todo o estado, principalmente na região noroeste. Já em março, início do período de colheita do arroz e da soja, a tendência indica para chuvas entre a normalidade e acima do normal no centro e leste do Rio Grande do Sul. Já no oeste, a previsão é de chuvas um pouco abaixo do normal, especialmente na fronteira oeste e campanha.
“Acaba sendo uma miscelânea [de previsões] e fica difícil realmente dos modelos fazerem uma previsão mais assertiva. […] Então a gente vai avaliando mês a mês o que vai acontecer, mas no geral a expectativa é essa”, afirma Jossana.
2025
Para 2025, segue a expectativa de um possível estabelecimento do La Niña no início do ano. Porém, a tendência para o outono é de um retorno à neutralidade climática. “Pelo menos até o final do primeiro semestre de 2025, a gente deve ter a atuação da neutralidade climática”, ressalta a meteorologista.