Clima

Começa o processo de enfraquecimento do fenômeno El Niño

Foto: MetSul/Divulgação
Foto: MetSul/Divulgação

O fenômeno El Niño de 2023-2024 está em processo de enfraquecimento, indicando que o pico já foi atingido, conforme relatório da agência climática dos Estados Unidos. Na região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Centro-Leste, a anomalia de temperatura está 0,4ºC abaixo do pico registrado em novembro.

A MetSul Meteorologia prevê um enfraquecimento adicional nas próximas semanas, embora o El Niño deva persistir no Pacífico Centro-Leste durante o restante do verão. O Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA estima uma transição para a neutralidade durante o outono, afetando as condições climáticas na região Sul do Brasil.

As probabilidades para os próximos trimestres indicam uma redução gradual do El Niño, com transição para neutralidade e possibilidade de La Niña. No trimestre, março a maio, a estimativa é de 53% de El Niño, 47% de neutralidade e 0% de La Niña. Para o trimestre de junho a agosto, a previsão é de 7% de El Niño, 46% de neutralidade e 47% de La Niña.

Os eventos climáticos El Niño, La Niña e neutralidade têm impactos significativos na região Sul do Brasil, influenciando a ocorrência de estiagens ou chuvas excessivas. Historicamente, o El Niño pode agravar ameaças de enchentes, enquanto a La Niña aumenta o risco de estiagem. A população deve estar atenta às mudanças climáticas e aos possíveis desdobramentos econômicos e ambientais.

O que é El Niño

Um evento do fenômeno ocorre quando as águas da superfície do Pacífico Equatorial se tornam mais quente do que a média e os ventos de Leste sopram mais fracos do que o normal na região. A condição oposta é chamada de La Niña. Durante esta fase, a água está mais fria que o normal e os ventos de Leste são mais fortes. Os episódios de El Niño, normalmente, ocorrem a cada 3 a 5 anos.
El Niño, La Niña e neutralidade trazem consequências para pessoas e ecossistemas em todo o mundo. As interações entre o oceano e a atmosfera alteram o clima em todo o planeta e podem resultar em tempestades severas ou clima ameno, seca ou inundações. Tais alterações no clima podem produzir resultados secundários que influenciam a oferta e os preços de alimentos, incêndios florestais e ainda criam consequências econômicas e políticas adicionais. Fomes e conflitos políticos podem resultar dessas condições ambientais mais extremas. Ecossistemas e comunidades humanas podem ser afetados positiva ou negativamente. No Sul do Brasil, La Niña aumenta o risco de estiagem enquanto El Niño agrava a ameaça de chuva excessiva com enchentes. Historicamente, as melhores safras agrícolas no Sul do país se dão com El Niño, embora nem sempre, e as perdas de produtividade tendem a ser maiores sob La Niña. O aquecimento do Pacífico, historicamente, agrava o risco de seca no Norte e no Nordeste do Brasil enquanto La Niña traz mais chuva para estas regiões.
A origem do nome do fenômeno data de 1.800, quando pescadores na costa do Pacífico da América do Sul notavam que uma corrente oceânica quente aparecia a cada poucos anos. A captura de peixes caía drasticamente na região, afetando negativamente o abastecimento de alimentos e a subsistência das comunidades costeiras do Peru. A água mais quente no litoral coincidia com a época do Natal. Referindo-se ao nascimento de Cristo, os pescadores peruanos, então, chamaram as águas quentes do oceano de El Niño, que significa “o menino” em espanhol. A pesca nesta região é melhor durante os anos de La Niña, quando a ressurgência da água fria do oceano traz nutrientes ricos vindos do oceano profundo, resultando em um aumento no número de peixes capturados.
O último episódio intenso de aquecimento foi entre 2015 e 2016 e rendeu a expressão Super El Niño e o apelido de “El Niño Godzilla”. Este evento foi responsável por grandes enchentes no Sul do Brasil e alguns dos maiores picos de cheia do Lago Guaíba, em Porto Alegre, desde 1941.