Recuperação

Manejo de solos deve ser foco para recuperação agropecuária no pós-enchente, afirma Emater/RS

Entre as formas de manejo, encontram-se práticas que visam recuperar atributos físicos, químicos e biológicos do solo

Foto de solo com valetas de água passando.
Mais de 206,6 mil propriedades do meio rural foram atingidas pelas chuvas e cheias extremas | Foto: Divulgação/ Emater/RS-Ascar

As práticas de recuperação dos solos serão aliadas dos agricultores após a tragédia climática que atingiu e devastou produções ao longo do RS no mês de maio, afirma a Emater/RS-Ascar. Entre as formas de manejo, encontram-se práticas que visam recuperar atributos físicos, químicos e biológicos, fundamentais para a manutenção da fertilidade dos solos. No RS, mais de 206,6 mil propriedades do meio rural foram atingidas pelas chuvas e cheias extremas, o que contabiliza 19,1 mil famílias rurais afetadas, segundo Relatório de Perdas produzido pela Emater/RS-Ascar.

Marcelo Biassusi, extensionista rural e assistente técnico em Recursos Naturais Renováveis do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar em Porto Alegre, explica que a fertilidade do solo resulta de atributos específicos, e, dentro desses aspectos, recomenda práticas de manejo de solo voltadas para sua recuperação.

“O solo tem que ser o grande reservatório de água, que vai ficar disponível às plantas e à vida”, defende Biassusi. Dentro dos aspectos físicos, o extensionista sugere manejos como a construção de cordões vegetados e de pedra, a descompactação do solo, que garante maior retenção de água, e o terraceamento, que consiste na construção de rampas niveladas uma sobre a outra em terrenos inclinados, que também serve para disciplinar o escoamento das águas da chuva e prevenir erosões. O cultivo em faixas, a rotação de culturas e as plantas de serviço, como de cobertura, são práticas consideradas úteis pelo extensionista.

A respeito de métodos de manejo para uma qualidade química e biológica do solo, Biassusi recomenda o uso de palhada e matéria orgânica, que retêm água, nutrientes e os micro-organismos necessários para a estruturação do solo, e resulta no bom desenvolvimento do sistema de raízes da planta. Além disso, Biassusi propõe, como alternativa, o pó de rocha, um mineralizador de solo que provê diversos nutrientes, que, durante as cheias, foram varridos pela água. “O pó de rocha possui um tempo de atuação estendido, em razão de sua baixa solubilidade na água, e o pó de carvão, que sanitiza a terra e retém metais pesados, também é aliado no manejo do solo”, cita o extensionista.

Corredor de preservação

Para Biassusi, a preservação da mata ciliar é fundamental para o desenvolvimento de áreas de cultivo. Esse tipo de vegetação fica às margens de rios, lagos ou represas e funciona como um corredor biológico, amortiza a intensidade e a força da chuva e o rápido escoamento das águas, evita o assoreamento dos rios, mantém a temperatura das águas e serve como um ambiente propício para a proliferação de micro-organismos naturais. A recomendação é de que o produtor rural busque trabalhar não com um único cultivo, mas com uma diversidade que contemple o plantio e a manutenção de árvores, que ajudam a criar microclimas e a manter o lençol freático mais próximo da superfície, favorecendo as plantas.

O extensionista explica que uma árvore transfere de 20% a 30% do que produz em sua fotossíntese para o sistema radicular e, como consequência, para o alimento dos micro-organismos presentes no terreno, de modo a disponibilizar minerais importantes, como o Fósforo, e a manter a umidade adequada para a estrutura ao solo. Apesar de árvores nativas como a aroeira, o cedro e o louro-pardo serem consideradas ideais para este trabalho, Biassusi não descarta o uso de árvores exóticas, como eucaliptos e frutíferas.

A Emater/RS-Ascar afirma que está à disposição do agricultor para orientar nas práticas de recuperação do solo. O produtor rural interessado deve procurar o escritório da Instituição em seu município.

Fonte: Emater/RS-Ascar