Agronegócio

Carlos Fávaro é favorito para chefiar Ministério da Agricultura

O senador Carlos Fávaro (PSD – MT) deve ser anunciado em breve como ministro da Agricultura no terceiro governo Lula (PT). O nome já era o mais cotado ao cargo e foi confirmado pela cúpula petista ao jornal O Estado de S. Paulo. Fávaro participou do grupo de transição da Agricultura.

Natural do Paraná, Fávaro se mudou na adolescência para um assentamento de reforma agrária na região de Lucas do Rio Verde-MT. Em 2012, foi eleito presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) do Mato Grosso, onde ganhou projeção política. Em seguida, exerceu o cargo de Vice-Governador de Mato Grosso e de Secretário Estadual do Meio Ambiente.

Ainda no começo de novembro, a Aprosoja/MT, entidade ligada ao governo Bolsonaro (PL), emitiu nota rejeitando uma série de nomes que eram cotados ao cargo de ministro da Agricultura, entre eles o de Carlos Fávaro. A entidade disse que os nomes citados “não têm legitimidade para representar o setor como interlocutores em Brasília”. “Ao apoiar as políticas do Partido dos Trabalhadores (PT), […], Carlos Fávaro, Neri Geller, e Carlos Augustin entraram diretamente em divergência com os valores conservadores da classe produtora”, dizia o comunicado.

Em outros setores do agronegócio, o nome foi comemorado. “É uma personalidade competente, compreende perfeitamente o que significa a agropecuária, o que significa o sistema de agronegócio na sua visão de cadeia produtiva, compreende muito bem os aspectos que envolvem ciência e ao mesmo tempo a necessidade ambiental como sendo um fator vital que nos leva ao agronegócio daqui pra frente”, disse José Luiz Tejon, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), em artigo divulgado hoje (26).

Votos

Entre votações recentes do senador, está a aprovação do chamado PL do Autocontrole (PL 1.293/2021), que modifica o modelo de fiscalização sobre a produção agropecuária, determinando que as empresas do setor criem seu próprio programa de defesa. O senador também votou a favor da PEC da Transição, que ampliou recursos para assegurar o Bolsa Família e para outras áreas do governo.

Membro da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, Fávaro consta também entre os presentes na aprovação do PL 1.459/2022, que modifica as regras de aprovação e comercialização de defensivos agrícolas. Os únicos votos vencidos nessa votação foram dos senadores Paulo Rocha e Zenaide Maia.

Transição

O relatório da equipe de transição, divulgado na quinta-feira (22), traz alguns pontos de atenção e aponta quais devem ser as prioridades do próximo ministro. Entre as críticas ao governo anterior, o documento menciona a redução dos recursos e de estoques públicos de alimentos, a postergação na adoção de maiores percentuais de biocombustíveis, “descaso ambiental”, aumento nas taxas de juros de políticas agrícolas e o número de adidos agrícolas, considerado insuficiente.

O relatório ainda elenca uma série de medidas que carecem de “atenção especial”: o enfrentamento de emergências em de defesa agropecuária, incluindo a influenza e aftosa; a implementação do Plano Nacional de Fertilizantes; o financiamento para armazenamento e compra de máquinas; o fortalecimento da área de sustentabilidade da produção, do INCRA e da plataforma de gestão territorial; a continuidade da digitalização dos serviços da área; e o fortalecimento da atuação dos adidos agrícolas.

Entre as demandas do relatório está o fortalecimento da participação social nos conselhos e estruturas do MAPA. Além disso, o documento aponta para a necessidade de assegurar recursos para o Plano Safra e para o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (PROAGRO). Ainda no escopo orçamentário, o relatório elenca entidades e setores prioritários, como a Embrapa, Conab, cooperativismo, assistência técnica e extensão rural e a agricultura orgânica.