Opinião

Contraste no campo: doenças e seca no trigo

Neste ano de 2024, produtores de trigo do Centro-Norte da província de Santa Fé, Argentina, estão picando lavouras de trigo para venda do produto como forragem para gado

Foto de lavoura de trigo com espigas ainda verdes.
Trigo em Coxilha-RS em setembro | Foto: Aroldo Gallon Linhares/Arquivo Pessoal

Numa época de situação ainda muito difícil para o trigo gaúcho, comentei com um colega que trocaria as doenças do Rio Grande do Sul – o clima chuvoso estava implícito – pela seca no Paraná. Não sabia bem o porquê dessa opção subjetiva.

Neste ano de 2024, produtores de trigo do Centro-Norte da província de Santa Fé, Argentina, estão picando lavouras de trigo para venda do produto como forragem para gado. A seca por lá tornou a produção de grão antieconômica e os agricultores resolveram não conduzir a lavoura até o final. Além de faturar algum dinheiro, estariam poupando água armazenada no solo para investir nas culturas de verão.

A seca está permitindo essa opção. No Planalto Médio do RS, distante apenas uns mil km de Santa Fé, chuvas intermitentes e volumosas estão favorecendo o surgimento de doenças no trigo, além de afetarem o rendimento e a qualidade do grão, e os agricultores nada podem fazer.

As máquinas não conseguem entrar na lavoura para aplicações de controle de doenças e os drones ainda não as substituíram nessa função. Além disso, aplicações sob chuva não são eficientes. Não há o que fazer, somente esperar que o tempo melhore para contabilizar quanto sobrou e qual a qualidade do produto a ser aproveitado. São duas situações contrastantes.

Talvez a possibilidade de poder fazer alguma coisa com a lavoura na seca e a impotência ante as chuvas danosas tenham me levado à opção para o primeiro caso ante as duas situações adversas aos agricultores. Agricultura não é para qualquer um e haja resiliência para enfrentar seca ou excesso de chuvas. Ainda mais sob um cenário cada vez mais ameaçador.

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