Numa época de situação ainda muito difícil para o trigo gaúcho, comentei com um colega que trocaria as doenças do Rio Grande do Sul – o clima chuvoso estava implícito – pela seca no Paraná. Não sabia bem o porquê dessa opção subjetiva.
Neste ano de 2024, produtores de trigo do Centro-Norte da província de Santa Fé, Argentina, estão picando lavouras de trigo para venda do produto como forragem para gado. A seca por lá tornou a produção de grão antieconômica e os agricultores resolveram não conduzir a lavoura até o final. Além de faturar algum dinheiro, estariam poupando água armazenada no solo para investir nas culturas de verão.
A seca está permitindo essa opção. No Planalto Médio do RS, distante apenas uns mil km de Santa Fé, chuvas intermitentes e volumosas estão favorecendo o surgimento de doenças no trigo, além de afetarem o rendimento e a qualidade do grão, e os agricultores nada podem fazer.
As máquinas não conseguem entrar na lavoura para aplicações de controle de doenças e os drones ainda não as substituíram nessa função. Além disso, aplicações sob chuva não são eficientes. Não há o que fazer, somente esperar que o tempo melhore para contabilizar quanto sobrou e qual a qualidade do produto a ser aproveitado. São duas situações contrastantes.
Talvez a possibilidade de poder fazer alguma coisa com a lavoura na seca e a impotência ante as chuvas danosas tenham me levado à opção para o primeiro caso ante as duas situações adversas aos agricultores. Agricultura não é para qualquer um e haja resiliência para enfrentar seca ou excesso de chuvas. Ainda mais sob um cenário cada vez mais ameaçador.
Opinião
As ideias expressas nesta coluna são exclusivamente do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, a posição do Portal Destaque Rural.