Apesar de assegurar a posição de segundo maior produtor de trigo do Brasil, o Paraná enfrentou na safra 2022/2023 problemas de qualidade decorrentes de períodos prolongados de chuva no estado, o que prejudicou a qualidade da produção paranaense. Essa problemática foi abordada no Show Rural Coopavel durante o painel ”Trigo: oportunidades e desafios”, promovido pela Biotrigo e Sinditrigo/PR.
Retomando a safra mais recente de trigo, o Paraná manteve a área plantada quase estável, mas reduziu e produtividade do cereal. ”Eu acho importante dividir em dois momentos a safra do ano passado. Porque para o agricultor não foi uma safra de rentabilidade frustrada, porque a gente colheu um bom volume de grãos”, ressalta o Gerente Comercial da América LATINA da Biotrigo, Fernando Michel Wagner. Porém, uma parte dos grãos colhidos não pôde atender a indústria moageira devido às especificações de qualidade.
A resolução desse problema pode vir por dois caminhos. O primeiro é na pesquisa e no campo, a partir da área agronômica, com desenvolvimento de genética e adoção de boas práticas no campo. Além disso, é possível avaliar novos destinos para o trigo, tanto com qualidade adequada, quanto para a produção que não atingir as especificidades da indústria.
Entre as estratégias no campo, é possível adotar o escalonamento de semeadura para diminuir os riscos dos efeitos da chuva. Desenvolvedores de cultivares também estão trabalhando na resistência genética, trabalhando na dormência ao grão para minimizar problemas em germinação em pré-colheita, de acordo com Wagner.
Trigo no Paraná
No Paraná, há regiões em que os produtores podem escolher entre o cultivo de trigo ou milho safrinha. Para isso, são avaliadas questões técnicas, mas também a margem de lucro de cada cultura. “O preço do trigo está bem favorável, mas o custo de produção também está um pouco elevado, isso faz com que o produtor muitas vezes escolha entre fazer o cultivo de milho safrinha e trigo”, aponta Leonardo Silvestri Szymczak, Analista de Desenvolvimento Técnico do Sistema OCEPAR.
Em termos de qualidade, os desafios no estado vão além da chuva na época da colheita, eles englobam também a presença de doenças e a geada durante a formação de grãos. Levando em conta todo esse contexto, a expectativa para a safra 2022/2023 é conservadora. ”A gente acredita que a área deve se manter muito parecida com a safra do ano passado, mas a produtividade a gente espera que aumente e que faça com que ocorra um aumento da produção”, avalia Szymczak.
O principal destino desse trigo deve continuar sendo o consumo interno no estado, sendo encaminhado para indústrias moageiras. Ainda assim, a indústria de rações e as exportações são cada vez mais apontadas como caminhos viáveis para a produção.