Trigo

Produtores buscam otimizar produção de trigo para atender mercado exigente

Santa Catarina, nesta safra, aumentou as áreas de trigo e chegou a mais de 137,6 mil hectares. O bom momento do trigo no mercado global, assim como a necessidade de otimizar custos de produção, estão animando produtores rurais para investir na cultura. Esse interesse esteve em evidência no 1º Fórum do Trigo, realizado nesta quarta-feira (26), no Campo Demonstrativo da Copercampos, em Campos Novos – SC. O evento reuniu cerca de 100 pessoas que acompanharam palestras sobre o mercado de trigo, oportunidades de cereais de inverno e manejo de doenças. A programação foi transmitida ao vivo pela Destaque Rural.

A produtora Nathália Rambo Paz de Almeida, da região de Bom Retiro – SC, assumiu a propriedade da família há um ano. A propriedade rural já produz trigo e, com a presença no evento, ela busca agregar conhecimentos para levar para a equipe e aplicar na lavoura. Esse também é o caso de João Vitor Bergamo, de São José do Ouro – RS, que voltou a trabalhar com trigo há dois anos por considerar a produção do cereal uma alternativa viável atualmente. “Pela questão de ocupar a área no inverno, gerando uma renda, para não ficar muito dependente só do verão, a gente costuma trabalhar com culturas de inverno, como trigo e aveia branca”, explica.

Apesar do avanço, os números mostram que o estado ainda tem grande potencial para evoluir na produção de culturas de inverno. Afinal, apenas 17.8% das áreas de soja foram ocupadas com trigo nesta safra, de acordo com dados da Epagri/Cepa. Esse potencial e as oportunidades do trigo estiveram em destaque nas palestras realizadas durante o fórum.

Mercado

Leonardo Martini apresentou panorama das principais commodities agrícolas | Foto: Bruna Scheifler/Destaque Rural

Prestes a colher o trigo, produtores estão mais atentos do que nunca ao mercado para decidir o destino dos grãos. Tendo isso em vista, o consultor em gerenciamento de riscos StoneX Leonardo Martini apresentou o cenário global e perspectivas para as cotações do trigo, assim como soja e milho. No cereal de inverno, a expectativa é de alta ou manutenção dos preços, devido ao balanço de oferta e demanda. “Se por um lado a gente tem a questão da oferta enxuta, que faria com que os preços subissem talvez até mais do que a gente está vendo, o que tem segurando o potencial ainda disso é o lado da demanda”, explica o especialista.

A relação estoque e uso de trigo está no menor patamar dos últimos 15 anos, com o estoque sendo capaz de atender apenas 15% do consumo, de acordo com Martini. Porém, com a recessão global, a demanda também está reduzida. Caso o consumo retorne, o trigo também poderá subir. As principais incertezas atualmente são os resultados da produção, a guerra, inflação e diplomacia.

Oportunidades

Por muito tempo, o trigo foi negligenciado devido à dificuldade para obter lucros com a cultura. Porém, ao deixar de produzir no inverno, os produtores ficavam dependentes da safra de verão, onde concentravam seus investimentos e custos. No entanto, além da situação positiva no mercado, pesquisas têm mostrado cada vez mais os benefícios do trigo para o sistema produtivo, além de que a cultura pode sim trazer lucratividade.

Giovani Faé destaca possibilidade de diversas safras | Foto: Bruna Scheifler/Destaque Rural

As oportunidades das culturas de inverno foram o foco da palestra do Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo, Giovani Faé. “Para que com todas essas oportunidades que esses cereais podem trazer, a gente consiga fazer não só uma segunda safra, mas também uma terceira safra, tanto produzindo grão, como alimento conservado ou até pasto dentro de um sistema de produção 365 dias por ano, o que traz sem dúvida nenhuma mais sustentabilidade para o produtor”, destaca o pesquisador.

Manejo

Flávio Chupel Martins apresentou soluções para manejo de giberela | Foto: Bruna Scheifler/Destaque Rural

Para que todas essas oportunidades se concretizem, é preciso cuidado para obter bons resultados na produção e qualidade do trigo. Um dos principais desafios, especialmente na reta final da safra, é a principal doença da região Sul do país: a giberela. Além do potencial de afetar a produtividade, a doença gera micotoxinas que afetam a qualidade e são reguladas por órgãos de vigilância.

O Supervisor de Fitopatologia da Biotrigo, Flávio Chupel Martins, apresentou avanços técnicos na resistência genética à doença, além de orientações para controle químico. “De maneira geral, o nosso objetivo é que o produtor tenha sucesso no manejo dessa doença, não tenha danos no rendimento e não tenha problemas na comercialização”, explica.

Dia de Campo

Durante a tarde, a Copercampos promoveu o Dia de Campo de Inverno Copercampos, apresentando pesquisas, tecnologias e lançamentos para culturas de inverno. Além disso, a BASF, patrocinadora do Fórum, promoveu a última edição do Cultivando Trigo em Santa Catarina.

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