Trigo

Produtor desabafa sobre condições das lavouras de trigo do Rio Grande do Sul

A cidade de Ibirubá, localizada no coração do Rio Grande do Sul, é conhecida por sua tradição agrícola e pela força de seus agricultores. Nos últimos três anos, os produtores enfrentam uma série de desafios na produção de soja devido à seca. Agora, enfrentam uma nova adversidade em decorrência do excesso de chuva causado pelo fenômeno El Niño, que tem impactado negativamente a produção de trigo na região.

A cidade de Ibirubá, localizada no coração do Rio Grande do Sul, é conhecida por sua tradição agrícola e pela força de seus agricultores. Nos últimos três anos, os produtores enfrentam uma série de desafios na produção de soja devido à seca. Agora, enfrentam uma nova adversidade em decorrência do excesso de chuva causado pelo fenômeno El Niño, que tem impactado negativamente a produção de trigo na região.

A equipe do Destaque Rural conversou com o produtor rural, Fernando Sperling, que compartilhou sua insatisfação com os preços e o clima que vêm prejudicando a colheita do trigo. “O preço é uma piada. Estamos fazendo a nossa parte, estamos colhendo, estamos entregando. Não sei se vou comercializar agora, porque acredito que tem que melhorar”, desabafou Fernando Sperling.

Qualidade do grão

Os possíveis impactos negativos que preocupam os agricultores são decorrentes do excesso de chuvas, que causaram doenças nas plantações. 

“Alguns campos na lavoura, plantados no cedo, estão em boas condições. As lavouras mais tardias tiveram problemas com virose e giberela, devido à chuva durante a época de floração, o que já diminuiu a produtividade, mas teremos que colher de qualquer maneira e depois veremos o resultado. Com certeza vai ser trigo de má qualidade”, explica o produtor Fernando Sperling.

Segundo estimativas da Emater, o recorde de chuvas em setembro e outubro deve comprometer até 20% da produtividade, com impactos particularmente marcantes na região noroeste do estado.

Perspectivas para o trigo nos próximos anos

Questionado sobre as expectativas para o cultivo de trigo nos próximos anos, Fernando expressou sua incerteza, afirmando que o preço será o fator determinante. Ele mencionou ainda que existem outras opções de culturas de inverno, como aveia, que serve como alimento para os animais, e canola, as quais representam alternativas viáveis para os produtores.

Plantio da soja

Com os altos custos de produção e atrasos no calendário da soja, o momento atual tem se tornado desafiador para os produtores rurais. A fase de semeadura, uma das principais etapas do cultivo, requer planejamento e, atualmente, devido ao clima, ainda mais rapidez no processo.  De acordo com o levantamento da Emater, o período de semeadura no Estado iniciou no dia 01 de outubro e se estende até janeiro de 2014. A estimativa inicial para a safra 2023/2024 é de 6.745.112 hectares implantados, com perspectiva de produtividade de 3.327 kg/ha.

Segundo os dados da Emater, na região de Ijuí, o cultivo da soja está em fase inicial de preparo das áreas para a semeadura. Nas áreas com plantas de cobertura, os produtores estão implementando o manejo químico para controlar as plantas invasoras e interromper o ciclo das culturas anteriores. Continua o monitoramento de plantas invasoras para determinar o tipo de controle necessário nas áreas onde o trigo foi colhido. Os produtores estão transportando sementes e fertilizantes para estocagem nas propriedades, preparando-se para iniciar a semeadura.

A seca tem sido a principal vilã nos últimos anos. A falta de chuvas no período crucial do desenvolvimento do trigo resultou em quebras de safra significativas. Fernando contou que nos últimos três anos, sua produção de Soja foi duramente afetada, resultando em colheitas muito abaixo da média. “Na sequência, vamos iniciar o plantio da soja e acredito que pior do que os últimos anos em termos de condições climáticas é impossível. Tivemos secas terríveis. Só que agora, o caso da soja é o mesmo que o do trigo: a gente vai fazer a nossa parte, vamos fazer o cultivo. Mas garantir que vamos ter alguma lucratividade com os preços que estão existindo por aí, vai ser muito difícil”, conta o produtor.

Custo de produção elevado

Outra dificuldade é decorrente dos custos de produção elevados: “O custo está bastante alto, a gente precisa ter uma produção acima de 45 sacos por hectare, o que é uma produção que a gente não conseguiu nem a metade disso nos últimos três anos devido à seca. Então, está bastante difícil”, desabafa Fernando Sperling.

A equipe de pesquisa do Projeto Campo Futuro CNA/Cepea grãos (PFC) analisou a produtividade de nivelamento saldar o Custo Operacional Efetivo (COE) da soja em Carazinho, Cruz Alta, Tupanciretã, Uruguaiana, Bagé e Camaquã para as culturas de soja, milho, trigo e arroz e contaram com a participação de produtores rurais e representantes de sindicatos.

Conforme a pesquisa do Projeto Campo Futuro, na safra de 2022/23 a receita bruta obtida não foi suficiente para cobrir o custo operacional efetivo médio e o custo total, gerando prejuízos equivalentes a 3,6 e 28 sacas de soja.  Para a próxima safra 2023/24, as estimativas apontam a necessidade de 38,8 sacas de soja para cobrir o custo operacional efetivo e 66 sacas para o custo total, enquanto a produtividade média prevista é de 54 sacas por hectare. O desafio da rentabilidade na produção de soja continua sendo um tema crítico para os agricultores.

Fonte: Destaque Rural