Trigo

El Niño e sua influência na safra de trigo e plantio de soja para 2023/2024

Especialista em Fitotecnia e Agrometeorologia da Embrapa analisa os desafios climáticos para a próxima safra agrícola.

Em uma conversa exclusiva com o Doutor em Fitotecnia e Agrometeorologista da Embrapa, Gilberto Cunha conversou com a Revista Destaque Rural sobre o papel crítico do fenômeno El Niño na safra de trigo e no plantio de soja previstos para o ciclo 2023/2024. Com seu vasto conhecimento em meteorologia aplicada à agricultura, o Dr. Cunha compartilhou insights valiosos sobre os desafios que os agricultores podem enfrentar devido às oscilações climáticas.

O El Niño, um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, é conhecido por influenciar o clima global.

Em um vídeo anexo a esta reportagem, você poderá ouvir diretamente  O Dr. Cunha explicando sobre as doenças causadas pelo excesso de chuva e como se preparar para os desafios que o El Niño causará para a agricultura brasileira.

No que diz respeito ao plantio de soja, o especialista ressaltou que o El Niño também pode causar impactos significativos. “O excesso de chuvas e inundações durante o período de plantio da soja pode atrasar a semeadura e até mesmo comprometer a qualidade das sementes”, alertou o Dr. Cunha. Ele enfatizou a importância de os agricultores estarem preparados para tomar medidas adaptativas, como a escolha de variedades de culturas mais resistentes e a implementação de práticas de manejo apropriadas.

O Dr. Cunha enfatizou que a monitorização constante das condições climáticas regionais é essencial para os agricultores se adaptarem às mudanças climáticas. Ele sugeriu que os produtores utilizem as previsões climáticas sazonais e estejam preparados para ajustar seus planos de plantio e colheita conforme necessário.

Em conclusão, a influência do El Niño na safra de trigo e no plantio de soja para a safra 2023/2024 é um fator de preocupação. No entanto, com um planejamento adequado e o acompanhamento das orientações de especialistas como o Dr. Gilberto Cunha, os agricultores podem enfrentar esses desafios climáticos e buscar uma safra sustentável, mesmo em anos difíceis.

El Niño: O que é e quais efeitos

El Niño é um fenômeno climático natural caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Ele tem influências diretas no clima e pode trazer uma série de efeitos indesejados, inclusive na agricultura.

Causado por uma interação complexa entre os ventos, as correntes oceânicas e a atmosfera, o fenômeno El Niño tem uma recorrência variável, demorando de 2 a 7 anos para voltar a ocorrer e intercalando-se com períodos de La Niña e de neutralidade. Os eventos costumam variar em intensidade. Houveram eventos muito intensos em 1997-1998 e 2015-2016. Foram secas, inundações e doenças em todo o mundo, com danos e prejuízos da ordem de bilhões de dólares.

Os efeitos do El Niño podem variar bastante nas distintas regiões do globo e mesmo no Brasil, onde, pelas grandes dimensões territoriais, podemos encontrar uma grande diversidade de condições locais, tais como relevo e topografia, que levam a respostas diferenciadas do fenômeno. O Nordeste e o Norte do Brasil são mais propensos a secas durante El Niño, enquanto o Sul e o Sudeste são mais propensos a chuvas mais intensas.

Os possíveis impactos negativos que preocupam os agricultores são decorrentes do excesso de chuvas, que podem impedir operações de manejo e tratos culturais, e as temperaturas excessivamente altas, que podem afetar diretamente a fisiologia e produção das culturas. A combinação do aumento das chuvas e temperaturas pode favorecer pragas e doenças, exigindo maior atenção e controle. Mesmo com o aumento dos volumes totais precipitados, ainda existe a preocupação com veranicos em período de El Niño. Isso porque é notável a má distribuição das chuvas nesses períodos, com o agravamento de temperaturas mais elevadas.

O impacto econômico da ocorrência de El Niño deve-se tanto à redução potencial da produção (inclusive por perdas na colheita), como pelo encarecimento dos insumos necessários e práticas agrícolas adotadas (como controle de pragas e doenças). Em qualquer caso, espera-se um incremento no custo de produção por tonelada produzida.

Fonte: Revista Destaque Rural- com informações da Embrapa