Safra de inverno 2024

Área de trigo cai para 1,3 mi de hectares no RS; produção pode chegar a 4 mi de toneladas

A estimativa oficial da Safra de Grãos de Inverno do RS foi divulgada nesta sexta-feira (28), pela Emater/RS-Ascar

Foto de colheitadeira vermelha em meio a lavoura de trigo.
Clima traz otimismo para o desenvolvimento da safra | Foto: Fernando Dias/Arquivo Seapi

A safra de inverno no Rio Grande do Sul em 2024 deve alcançar 1,8 milhão de hectares, considerando a aveia, canola, cevada e, principalmente, o trigo. Ao todo, o estado estima colher mais de 5,2 milhões de toneladas de grãos. Apesar da redução de 7,11% na área em relação ao ano passado, a produção deve crescer 55,57%, consequência da frustração de safra registrada em 2023 em decorrência das chuvas em excesso.

A estimativa oficial da Safra de Grãos de Inverno do RS foi divulgada nesta sexta-feira (28), pela Emater/RS-Ascar, no Escritório Central da Emater/RS-Ascar, em Porto Alegre. O evento, transmitido online, também comemorou os 35 anos do Informativo Conjuntural, publicado semanalmente e de forma ininterrupta desde 21 de junho de 1989.

Trigo

Maior produtor nacional de trigo, o Rio Grande do Sul estima redução na área plantada de 1,5 milhão de hectares para 1,3 milhão de hectares, retração de 12,84% em relação ao ano passado. Esse número está dentro da expectativa do setor e do mercado. Por outro lado, a produtividade tem potencial de aumentar em 77,05%, chegando a 3,1 mil kg/ha, e a produção pode chegar a 4 milhões de toneladas, crescimento de +55,27%.

Os números já consideram os eventos climáticos extremos registrados no estado. Apesar dos danos que as chuvas excessivas causaram nos solos e no transporte de insumos, além do atraso no plantio, a redução de área da cultura já era esperada. “Ainda que não houvesse calamidade, a safra de trigo de 2024 já apontava para essa tendência de redução”, ressalta Claudinei Baldissera, diretor técnico da Emater/RS-Ascar.

De acordo com Baldissera, os principais fatores que levaram os produtores a reduzirem a área de trigo envolvem o mercado, a avaliação de riscos, seguro rural e a disponibilidade de sementes. A produção de sementes foi afetada pelas chuvas no ano passado, o que levou à escassez de sementes de boa qualidade.

Entretanto, com a previsão do fenômeno La Niña nos próximos meses, há otimismo para a safra de inverno deste ano. “Deve ser uma safra em que o clima deverá ajudar, claro que com aqueles cuidados que o agricultor deve ter com os tratos fitossanitários e com as curvas de temperatura”, avalia Baldissera, alertando para a ocorrência de geadas.

Até o momento, a semeadura do trigo chega a 56% da área projetada para o Estado.

Canola avança no estado

Na contramão das demais culturas, a canola deve registrar um aumento de 74,35% de área, alcançando 134,9 mil hectares no estado. O impulso vem do posicionamento da cultura no calendário agrícola, favorável à implantação da soja no início da janela de plantio, e também do mercado, que está buscando a canola e tornando o cultivo rentável.

A cultura não foi tão impactada pelo clima no ano passado, mas com o aumento de área, a produtividade deve aumentar 13,87%, chegando a 1,6 mil kg/ha. Já a produção tem o potencial de dobrar no estado, chegando a 226,5 mil toneladas.

O plantio da cultura está praticamente encerrado, a janela foi prorrogada em função das chuvas para 30 de junho.

Demais culturas

Seguindo a mesma tendência do trigo, a área de cevada no estado deve diminuir 15,49%, ocupando 34,4 mil ha, consequência do resultado negativo na safra anterior. “No ano passado, [a cevada] foi bastante prejudicada pelo clima, quase toda a produção não pode ser aproveitada pela indústria cervejeira”, lembra Baldissera.

Considerando a frustração do ano passado, a produtividade deve se recuperar e chegar a 3,2 mil kg/ha, aumento de 65,46%, resultando em uma produção de 111,7 mil toneladas, 41,18% maior do que em 2023.

No caso da aveia preta grãos, a área está estimada em 236,9 mil hectares, redução de 16,46%. O cultivo de aveia branca deve se manter estável, com uma área de 365,5 mil. Já a produtividade deve crescer 48,38%, com 2,4 mil kg/ha, levando a uma produção de 878,2 mil toneladas, crescimento de 50,41%.

Clima

As previsões climáticas para a safra de inverno foram apresentadas pelo meteorologista da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Flavio Varone, responsável pela Sala de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos.

O estado deve registrar um inverno dentro da normalidade, com gradativa diminuição da temperatura e tendência de chuvas próxima da normalidade. As temperaturas devem ser inferiores à média histórica.

A previsão é de que o fenômeno La Niña se instale no segundo semestre do ano, passando por uma transição brusca de neutralidade para o La Niña. “A chuva deve começar a diminuir em agosto e, principalmente, em setembro”, destaca Varone. Apesar da redução, a previsão não é de volumes extremamente baixos.

O meteorologista avalia que as condições são boas para a safra de inverno, mas alerta para a possibilidade de um “inverno mais longo”, com risco de geadas tardias características de La Niña.

Apresentação

O evento de apresentação da safra de inverno foi transmitido ao vivo pelo YouTube da Emater/RS-Ascar e teve a participação da presidente Mara Helena Saalfeld (via vídeo), do secretário adjunto do Desenvolvimento Rural (SDR), Lindomar do Carmo Moraes, do representante da Secretaria de Agricultura (Seapi), Paulo Roberto da Silva, e do diretor Administrativo em exercício, Fernando D’Avila.