No Rio Grande do Sul, segundo dados divulgados pela Emater/RS-Ascar, a produtividade média da soja na safra 2023/2024 foi de 2.923kg/ha, numa área de 6.681.716ha.
Pois na Argentina, a Bolsa de Cereales de Buenos Aires (BCBA) registrou, para a mesma cultura e safra, uma média de produtividade de 29,9qq/ha, os quais correspondem a 2.990kg/ha. Esse resultado no país vizinho foi obtido em uma área cultivada de 17,3 milhões de hectares, bem maior portanto do que a área cultivada no RS.
Creio que podemos dizer com alguma segurança que o potencial das cultivares nos dois ambientes é similar. A empresa DM, com expressiva participação na lavoura de soja argentina, da mesma forma que no RS, presta-se bem como uma balizadora nesse quesito.
A tecnologia usada na cultura é também similar, variando mais a intensidade dos investimentos feitos pelos produtores.
Apesar do tamanho da área cultivada influir sobre o rendimento médio da lavoura, vê-se que lá e cá os fatores climáticos desfavoráveis, notadamente o déficit hídrico, as altas temperaturas e chuvas na colheita possivelmente tenham sido as ocorrências que mais contribuíram para achatamento dos rendimentos. No RS acrescente-se ainda as perdas caudas pela ferrugem asiática, doença por enquanto muito mais grave por aqui.
Tudo isso faz voltar minha atenção para a questão do solo. Passei a vida profissional ouvindo loas sobre a decantada fertilidade natural da magnífica planície argentina. O RS, por sua vez, era conhecido por apresentar, em boa parte de sua área cultivada, solos ácidos, pobres em fertilidade e, em muitos casos, erodidos ou compactados.
Sei que é muito difícil avaliar e comparar a intensidade e a extensão dos fenômenos desfavoráveis que ocorreram nas duas regiões mas eu não tenho dúvidas que a melhoria da qualidade do solo no lado de cá deve ter dado uma boa contribuição para esse empate em produtividade.
Opinião
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