Colheita da Soja

Chuva atrapalha, mas colheita da soja atinge 60% da área semeada

Precipitações impediram o avanço da operação no Sul do Estado, mas ao Norte e Centro, os trabalhos foram retomados

Colheita de soja.
Ainda restam 35% dos cultivos em maturação (R7) e 5% em enchimento de grãos (R5), beneficiadas pelas chuvas do período, melhorando o potencial dessas áreas | Foto: CNA Brasil/Divulgação

As chuvas intensas da semana passada paralisaram a colheita da soja no Rio Grande do Sul, sendo retomada nas regiões conforme a redução da umidade e a possibilidade de entrada de máquinas agrícolas para executar a operação. No Sul do Estado, choveu em volumes significativos, impedindo o avanço da operação. Na Metade Oeste, as lavouras em relevo plano não foram colhidas devido à umidade. Ao Norte e Centro, a partir da segunda metade do período, os trabalhos foram retomados, e a colheita atingiu 60%.

Houve melhor uniformização da maturação nas lavouras por meio do uso de dessecantes químicos, impulsionado pela umidade adequada. As perdas têm aumentado conforme o avanço da colheita, mas áreas mais atrasadas apresentam bom desenvolvimento. Ainda restam 35% dos cultivos em maturação (R7) e 5% em enchimento de grãos (R5), beneficiadas pelas chuvas do período, melhorando o potencial dessas áreas. Os agricultores continuaram aplicando fungicidas em lavouras tardias, que apresentam ótimo potencial produtivo.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, a colheita foi retomada a partir de 10 de abril nas áreas com solos mais arenosos. Em Manoel Viana, 45% dos 58 mil hectares cultivados foram colhidos. A previsão climática de tempo seco deixa os produtores otimistas em recuperar o atraso na colheita, paralisada nas últimas semanas.

As produtividades nas áreas de sequeiro variam entre 600 e 2 mil quilos por hectare. Nas áreas irrigadas, estão superando as expectativas, passando de 4 mil quilos por hectare, conforme relatos, em algumas lavouras. Em Alegrete, 40% dos 115 mil hectares foram colhidos, e as perdas estão estimadas em 50%.

Em São Borja, a colheita passa de 50% da área cultivada de 105 mil hectares. O índice de acionamento dos seguros privados e de Proagro deve chegar a 80% dos produtores do município. As produtividades continuam baixas, oscilando de 300 a 900 quilos por hectare. nas lavouras de sequeiro, e de 2,4 mil a 4,2 mil quilos por hectare. nas irrigadas. Para as lavouras do tarde, as expectativas são melhores, pois foram beneficiadas pelas chuvas regulares.

Na Campanha Gaúcha, em Bagé, Aceguá e Candiota, a colheita ainda está em fase inicial devido às chuvas da última semana de março, que somente cessaram na madrugada de 9 de abril. Em muitas áreas, não foi possível acesso do maquinário até o dia 12 deste mês em função do excesso de umidade no solo; em talhões de relevo plano, ainda deve demorar mais alguns dias para a liberação das máquinas. Não houve relatos de perdas de qualidade dos grãos decorrentes da sequência de dias chuvosos.

Em Aceguá, a colheita alcançou 5% dos 31,5 mil hectares cultivados, e as produtividades estão em torno de 2,1 mil quilos por hectare. Em Hulha Negra, 10% dos 16 mil hectares plantados foram colhidos. Nas lavouras com maior nível de investimento, localizadas em áreas onde choveu melhor no período reprodutivo, as produtividades ultrapassam 2,4 mil quilos por hectare; em algumas cultivares, o desempenho foi superior a 3 mil quilos por hectare.

Os grãos colhidos nos últimos dias apresentam adequado peso e umidade de 14,5%, sendo observada resposta satisfatória de uniformidade de maturação das lavouras previamente dessecadas. As últimas aplicações de fungicidas e inseticidas foram realizadas. Os cultivos estabelecidos no final de dezembro estão entrando na fase de maturação (R7), e as poucas áreas implantadas no final de janeiro ainda devem permanecer verdes por algumas semanas.

Muitas lavouras implantadas sem adubo e com recursos bastante limitados para a utilização de defensivos e sementes de qualidade apresentam resultados significativamente inferiores, além de terem sido fortemente impactadas pela falta de chuvas em algumas localidades.

Na de Caxias do Sul, a colheita segue em andamento e supera 50% da área semeada, apesar da paralização da operação nos dias de chuvas. Está se confirmando redução de aproximadamente 15% no rendimento, que está em 3.231 quilos por hectare, mas as perdas são maiores em municípios situados na faixa Oeste e Noroeste da região.

Na de Erechim, a colheita se encaminha para o final, atingindo 95%. Estão 5% das lavouras maduras por colher, e os produtores esperam a chuva cessar para efetuar a operação. As perdas em razão da estiagem, que ocorreu de janeiro a março, aumentaram conforme o avanço da colheita, e a produtividade está em torno de 2.275 quilos por hectare. A diferença de poucos dias de plantio nesta safra influenciou o rendimento. Devido aos baixos preços, os grãos estão sendo armazenados em silos nas cerealistas, aguardando melhores preços para efetuar a venda. Em levantamento realizado com os agricultores, a porcentagem de área arrendada para plantio chega a cerca de 15%.

Na de Federico Westphalen, a colheita alcançou 87% das áreas. A produtividade média atual de 2.425 quilos por hectare representa redução de 30% do previsto. As chuvas foram importantes para as lavouras em florescimento e enchimento de grãos, que representam somente 2% da área cultivada.

Na de Ijuí, onde estão cultivados 14,7% da área do RS, a colheita evoluiu para 84%, mas de forma lenta em função da alta umidade e da redução do ritmo de maturação da cultura. A operação foi realizada nos dias 10 e 11 deste mês, quando a incidência solar foi mais intensa e a umidade no solo e dos grãos estava dentro do ideal.

Os rendimentos apresentam grande variabilidade conforme a localização das lavouras, o ciclo das cultivares e as épocas de semeadura. As lavouras de safrinha, implantadas após a retirada do milho em sistemas irrigados, apresentam elevado potencial produtivo até o momento. Após a retirada da soja, os produtores iniciaram os processos de correção da acidez do solo, efetuando coleta de amostras, análise em laboratório e reposição dos corretivos.

Na de Passo Fundo, onde se cultivam 9,8% da área do Estado, 15% das áreas estão maduras por colher e 85% colhidas.

Na de Pelotas, houve paralização da colheita devido às chuvas frequentes e contínuas (de 20 milímetros em Canguçu a 275 milímetros em Arroio do Padre). Essas condições ambientais causaram muita preocupação aos agricultores, pois o excesso de chuva pode ocasionar o apodrecimento dos grãos na vagem. As lavouras estão predominantemente maduras e prontas para colher (42%), e a colheita chega a 20%.

Na de Santa Maria, que representa 15,7% dos cultivos do Estado, a colheita avançou e ultrapassa 55% da área; mais de 20% estão prontos para colher. As perdas pela estiagem são significativas.

Na de Santa Rosa, a área colhida aumentou, e a produtividade média, nos 783 mil hectares cultivados, reduziu significativamente devido à estiagem. As atividades de colheita foram suspensas no início do período em função das chuvas, e foram retomadas apenas em 10 de abril, quando a umidade no solo diminuiu, possibilitando o trânsito de máquinas.

As lavouras mais tardias, em sua maioria, encaminham-se para a finalização do estágio de enchimento de grãos, restando apenas áreas cultivadas em resteva de milho e ressemeaduras, realizadas na metade de janeiro, que estão menos adiantadas em termos de estádio reprodutivo. Nessas áreas, os produtores ainda avaliam a aplicação de fungicidas para o manejo de ferrugem asiática, de inseticidas e o uso de irrigação em razão da elevação dos custos de cultivo e da expectativa de produtividade aquém do normal.

Na de Soledade, dos 500 mil hectares, 65% dos cultivos foram colhidos, 34% estão maduros, e restam algumas áreas em enchimento de grãos, cultivadas em final de janeiro. Nas áreas de safrinha em resteva de milho e tabaco, continuam os tratamentos fitossanitários. A colheita foi interrompida na primeira metade do período devido à chuva, sendo retomada no dia 10 de abril.

No Alto da Serra do Botucaraí e Centro-Serra, a área colhida está maior em relação ao Baixo Vale do Rio Pardo, onde o pico de colheita ocorre na segunda quinzena de abril. A produtividade média reduziu de 3.359 para 2.260 quilos por hectare.