A diminuição da chuva permitiu que produtores gaúchos retomassem a colheita da soja em diversas regiões do estado, expandindo a área colhida para 91% do total. Mesmo com o avanço, há problemas consideráveis em todo o estado devido às áreas alagadas, ao solo encharcado e também pela umidade dos grãos colhidos. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (23) no Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar.
“Nas áreas em colheita, além das perdas por grãos germinados, mofados e pela debulha natural, que aumentam a cada dia de atraso, os custos têm sido elevados em razão da realização da colheita em solo úmido, levando à utilização parcial dos graneleiros, em função do excesso de peso, para evitar danos na locomoção”, informa o relatório.
A entrega da soja nas unidades de secagem e armazenamento também foi impactada pela alta umidade dos grãos. Na Campanha há registros de filas extensas, levando até três dias para realizar a descarga. Essa situação também causou a interrupção da colheita pela falta de caminhões. Na região de Santa Rosa, as unidades de recebimento estão aplicando descontos significativos nas cargas entregues pelos produtores e há relatos de unidades se recusando a armazenar grãos de qualidade muito baixa, de acordo com a Emater/RS-Ascar.
A estimativa de produtividade no estado inicialmente era de 3.329 kg/ha, porém esse número deve sofrer reduções com a colheita das áreas afetadas pelas chuvas. Muitas lavouras estão sendo abandonadas pela inviabilidade econômica da colheita. Apesar disso, em algumas áreas implantadas mais tardiamente, cujo ciclo se encerrou há poucos dias, o índice de grãos avariados ou germinados é menor.
Milho
A colheita do milho avançou apenas quatro pontos percentuais em relação à semana anterior, atingindo 92% da área cultivada. “As lavouras por colher passam a apresentar senescência, fungos – com alto risco de desenvolvimento de micotoxinas – e germinação em espiga, o que gera certa urgência pela retirada da cultura do campo”, relata o Informativo.
Arroz
A colheita de arroz foi retomada e se aproxima do final, com aproximadamente 95% das lavouras colhidas. “Contudo, as perdas provocadas pela submersão de cultivos maduros e pelo acamamento de plantas estão consolidadas, levando muitos produtores a abandonarem as áreas remanescentes devido à inviabilidade técnica e econômica para realizar a operação”, informa a Emater/RS-Ascar.
Na regional de Soledade, estima-se que 35% das lavouras ainda não foram colhidas, sendo que muitas delas estão inacessíveis para as máquinas. As perdas nessas áreas tendem a ser quase totais, conforme laudos municipais preliminares.
Milho silagem
A colheita do milho silagem também prosseguiu de forma gradual, chegando a 98% das áreas. A atividade foi mais intensa nas regiões mais ao Sul do Estado, o que possibilitou a utilização das lavouras ainda em ponto de ensilagem.
“Devido à reduzida exposição ao sol, as plantas apresentaram algumas folhas cloróticas, o que compromete a qualidade do produto a ser armazenado. Observa-se um aumento na senescência das folhas, e estima-se que as atividades de ensilagem sejam concluídas em breve nas últimas áreas cultivadas”, avalia o Informativo.
Nas regiões dos Vales e Central, parte dos silos foi perdida por alagamentos, e há grande dificuldade para fornecer alimentação aos rebanhos, especialmente leiteiro. Ações de socorro emergenciais são realizadas por associações de criadores, apoiadas pela a Emater/RS-Ascar.
Feijão
A colheita do feijão primeira safra foi concluída, com estimativa de 1.930 kg/ha de produtividade em 25.264 hectares cultivados.
De acordo com a Emater/RS-Ascar, o predomínio de tempo instável e de baixa radiação solar reduziu o desempenho vegetativo e reprodutivo dos cultivos de feijão segunda safra. O excesso de umidade também impediu o avanço significativo da colheita e a produtividade deve ser reduzida.
Com informações da Emater/RS-Ascar