Safra do milho

Milho a “milhão” na oferta, no preço, nem tanto

Produção recorde no Brasil e nos Estados Unidos ameniza uma tendência sazonal de elevação dos preços no segundo semestre

Lavoura de milho
Os recordes de produção no Brasil e nos Estados Unidos são os fatores que tem retirado sustentação da cotação do milho | Foto: Fernando Dias-Seapi/Divulgação

A cotação do milho, em Campinas-SP, está menor do que em comparação com o mesmo período do ano passado e está quase nas mínimas dos últimos cinco anos, ao trazermos os valores históricos a preços correntes.

Preço do milho em grão em Campinas-SP, em reais por saca de 60kg, sem o frete, deflacionado pelo IGP-DI. As cotações correspondem à média dos quinquídios dos meses | Fonte: Scot Consultoria

Os recordes de produção no Brasil e nos Estados Unidos são os fatores que tem retirado sustentação da cotação do milho. No vizinho norte-americano, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), estimou a safra em 427,1 milhões de toneladas em seu último relatório, o de setembro.

Uma grande produção nos Estados Unidos tende a tornar o Brasil menos competitivo no mercado internacional e mais milho tende a ficar no mercado interno, o que, tira sustentação do preço.

O último relatório do USDA foi o de setembro e, por conta do “shutdown” do governo norte-americano, novos dados da safra em colheita nos EUA pararam de chegar ao mercado. Entretanto, agentes do mercado por lá ressaltam que a produtividade está um pouco abaixo do último dado do USDA, mas que deve ser uma safra com uma produção muito boa e levemente abaixo da última estimativa.

Por aqui, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também estima uma superprodução, sendo que, em seu último relatório, revisou a safra 2024/25 de milho brasileira para 139,7 milhões de toneladas – são quase 8,0 milhões de toneladas a mais do que o último recorde, no ciclo 2022/23.

Com uma produção maior, devemos entrar em 2026 com estoques finais confortáveis – 12,8 milhões de toneladas. Serão os maiores estoques das últimas três safras.

O consumo interno de milho deve subir de 84,5 para 90,5 milhões de toneladas em 2024/25, enquanto a produção cresce no mesmo período quase 25,0 milhões – um descompasso de cerca de 18,5 a favor da oferta. Relações de troca estão favoráveis à proteína animal (boi, por exemplo, na melhor de 5 anos) e o etanol segue em expansão, mas esses setores não vão conseguir absorver esses vários milhões de toneladas a mais até o fim do ano.

A oferta cresceu mais do que a demanda

Mas, mesmo com uma oferta maior do que a demanda, esperamos um cenário de estabilidade a até mesmo breve altas até o fim do ano. O fato é que, no segundo semestre, a cotação do milho demonstra uma tendência histórica de alta.

Entre o período de 2005 a 2024, em apenas um ano o preço médio de dezembro não foi maior do que o preço em junho, ou seja, nos outros 19 anos, o preço subiu no segundo semestre.

Fonte: Scot Consultoria