Milho

Genética e boas práticas de manejo são diferenciais no controle da cigarrinha-do-milho

A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) se tornou o principal desafio da produção de milho nas últimas safras brasileiras. A praga é antiga, porém a incidência está aumentando e o inseto causou grandes prejuízos de produtividade na safra 2021/2022. Uma pesquisa do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (Sindiveg) apontou que a presença da praga cresceu 177% nos dois últimos anos. Em 2022/2023, a pressão continua alta e a cigarrinha arrisca mais uma vez a produção brasileira.

O principal problema da presença da cigarrinha é a disseminação do Complexo do Enfezamento, capaz de provocar perdas de mais 70%, de acordo com a Embrapa. A preocupação do setor e dos produtores é grande, tornando o manejo dessa praga uma prioridade e um destaque no 27º Show Tecnológico Copercampos. No evento, realizado entre 14 e 16 de fevereiro, em Campos Novos (SC), agrônomos da cooperativa exibiram resultados de testes e pesquisas realizados na Vitrine Tecnológica da Copercampos.

O engenheiro agrônomo Fernando Sartori Pereira destaca principais recomendações para o manejo da praga | Foto: Hebert Kelvin/Destaque Rural

“Quando a cigarrinha faz a transmissão do Complexo de Enfezamento, ela prejudica a parte fisiológica da planta, interferindo na produtividade da cultura do milho. A gente tem visto a importância da escolha do material genético, pensando em resistência genética, e a questão do escape, ou seja, fazer a semeadura do milho numa época em que a presença da cigarrinha esteja baixa. Uma terceira opção é o controle da cigarrinha, o inseto vetor, por inseticidas”, esclarece o engenheiro agrônomo Fernando Sartori Pereira, da Copercampos.

“A gente fez a semeadura do milho numa época mais tardia e a intensidade da praga foi tão alta que mesmo com diversas entradas de inseticidas na cultura não houve um bom controle e não evitou que ocorresse danos na planta. Então ficou bem visível que quando se trata de alta pressão de cigarrinha, é importante a resistência genética”, destaca Pereira.

Os pesquisadores realizaram o plantio de uma cultivar de milho suscetível à cigarrinha e também de uma variedade tolerante para avaliar o desempenho ao longo da safra. O objetivo era observar se maiores entradas com inseticidas poderiam controlar a praga e diminuir a incidência da doença.

Esses cuidados, no entanto, não são as únicas medidas importantes para manejar a doença. Além disso, é aconselhável sincronizar a época de semeadura e manejo com as lavouras próximas, para evitar que a praga realize a migração. A eliminação do milho tiguera também é um ponto reforçado por especialistas. “A gente recomenda que o produtor entre com o manejo para combater a planta tiguera porque ela vai armazenar esse “banco” de cigarrinhas. Quando o produtor consegue fazer esse manejo outonal e de inverno, facilita diminuir a densidade populacional da cigarrinha”, recomenda o engenheiro agrônomo. Por fim, também é importante realizar a rotação de inseticidas e ingredientes ativos.

Importância

Nesta safra, a pressão de cigarrinha aumentou em relação ao ciclo passado em Santa Catarina. Com isso, lavouras mais suscetíveis estão sofrendo com a redução de produtividade. Esse cenário aumenta a preocupação, já que a cultura do milho é de extrema relevância para o estado. Além da produção de grãos, o milho também é destinado para produção de rações que abastecem a indústria de proteína animal.

A partir de pesquisas, orientação técnica e do melhoramento genético, o objetivo é incentivar a manutenção e até o aumento da área de milho no estado. “É uma cultura muito importante pensando na rotação com a cultura da soja. Há ganho em produtividade, diminuição das doenças na soja e você tem incremento de biomassa na área, com melhor matéria orgânica, então a cultura do milho é muito importante para o sistema de rotação de culturas”, reforça o engenheiro agrônomo.

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