Segundo dados da Conab, Santa Catarina possui 300 mil hectares de milho. A expectativa é que o estado produza 2,4 milhões de toneladas do grão, o que representa uma redução de 2,7% em relação à safra passada.
Outra característica da safra deste ano em Santa Catarina é a diminuição da área semeada. De acordo com Hennigen, a área de milho atendida na região diminuiu 10%. Influenciados pelos preços dos insumos e o custo mais alto de manutenção das lavouras, os agricultores migraram para a cultura da soja.
De acordo com Fabrício Hennigen, coordenador técnico da Copercampos, os agricultores enfrentam problemas de doenças em suas plantações, principalmente a mancha foliar (HT), causada pelo fungo Exserohilum turcicum, favorecido por ambientes de alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas, entre 18°C e 27°C. Também, a bacteriose, causada pela bactéria Xanthomonas vasicola pv. vasculorum, que provoca manchas nas folhas, leva à exaustão da planta e pode se espalhar pelo ar.
No Paraná, 314 mil hectares são destinados ao milho, 65 mil hectares a menos em relação ao ano passado, quando o grão ocupou 379 mil hectares. A expectativa é produzir mais de três milhões de toneladas, segundo o agrônomo do Departamento de Economia Rural Carlos Hugo Godinho. O agrônomo explica que a redução da área semeada de milho no estado se deve à escolha dos agricultores em plantar soja, que é mais atrativa economicamente e possui menor custo de manutenção, levando os agricultores a deixarem de plantar milho.
Já no Rio Grande do Sul, na região administrativa da Emater/RS-Ascar são 73.020 hectares para milho grão e 34.220 hectares para milho silagem, totalizando 2.215 produtores.
Segundo dados da Emater, com poucas janelas de semeadura, muitos agricultores preferem priorizar o plantio da soja. Assim como em Santa Catarina, o milho está sendo afetado pela incidência de bacterioses e enfezamento do milho, que pode ser controlado com as orientações agronômicas. Com relação ao desenvolvimento da cultura no estado, 26% da área semeada encontra-se em floração, 35% em enchimento de grãos e 2% em maturação.
Para o agricultor Anderson Menegaz, da cidade de Coxilha-RS, a safra de milho deste ano será melhor que a do ano passado. Semeada em 16 de setembro, a lavoura encontra-se na fase de pendoamento e possui um desenvolvimento satisfatório, livre de cigarrinhas e outras pragas. Anderson explica que “O milho semeado é tolerante a lagarta, insetos e alguns enfezamentos da cigarrinha. Foi feita uma pré-aplicação de inseticida, cerca de 30 dias antes da semeadura, aplicado o herbicida e o inseticida para matar a cigarrinha. Depois do milho semeado, foi feita mais uma aplicação de herbicida e inseticida novamente”.
O milho produzido na propriedade de Anderson, tanto agora quanto na safrinha, é destinado para a silagem, já que sua propriedade tem gado em confinamento. Além disso, o milho, juntamente com a cevada no inverno, é uma forma de cobertura da área e rotação de culturas, já que a propriedade é dividida visando manter uma área de soja. A área que recebeu o milho e a cevada naquele ano é posteriormente destinada à soja, e o solo que antes possuía soja retorna ao milho.
O Assistente Técnico de Culturas da Emater, Alencar Rugeri, explica que o que faltou de chuva em outros anos, nesta safra, está em excesso, afetando na janela de semeadura, bem como causando perda de nutrientes do solo devido ao lixiviamento. Outra característica é a diminuição da luminosidade, que pode afetar o desenvolvimento da planta. Entretanto, sempre que se questiona o produtor, ele irá preferir uma situação de excesso do que de falta, mas o cenário ideal não foi alcançado neste momento.
Rugeri explica também que a produtividade esperada pode ser alcançada, mas que ainda é muito cedo para fazer especulações, sendo necessário aguardar a época de colheita.
Apesar das fortes e recorrentes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul e do cenário de incertezas, Ricardo Meneghetti, presidente da Apromilho RS, acredita em uma safra promissora. A expectativa é ter uma safra mais produtiva em relação aos últimos dois anos, que foram períodos de estiagem. Entretanto, outras condições climáticas, como a falta de luminosidade, podem atrapalhar a produção.
Outra situação que pode atrapalhar a safra seria a cigarrinha-do-milho. Meneghetti explica que o produtor precisa prevenir o problema com a aplicação dos inseticidas adequados e recomendados. O presidente da Apromilho ressalta também que é preciso ficar atento às doenças fúngicas, realizando o manejo no momento em que surgem.
Devido aos custos com a prevenção de doenças e outros fatores, o milho deixa de ser atrativo, e os produtores acabam migrando para a cultura da soja, que possui melhor rentabilidade. Como o milho é uma cultura essencial no Rio Grande do Sul, Meneghetti explica que novas formas de cultivo estão sendo viabilizadas, como a produção em terras baixas através do sistema de sulco-camaleão.
Sobre esta questão, Rugeri afirma que o produtor precisa ser resiliente, seguindo sua produção guiando-se pelo profissionalismo, gestão e planejamento para poder seguir cultivando o milho.
O que é a Cigarrinha-do-milho
Nos últimos anos, o milho tem enfrentado a Dalbulus maidis, popular cigarrinha-do-milho. A cigarrinha é responsável pelos enfezamentos do milho, que são doenças provocadas por dois patógenos denominados mollicutes. Esses patógenos causam o enfezamento vermelho (maize bushy stunt phytoplasma – MBSP) e o espiroplasma (corn stunt spiroplasma – Spiroplasma kunkelii – CSS), sendo que ambos ocorrem no floema e são transmitidos de forma persistente pela cigarrinha.
O milho é a única planta hospedeira para a cigarrinha-do-milho no Brasil, onde o inseto se abriga, se alimenta e se reproduz, completando seu ciclo biológico. Entretanto, durante os períodos de entressafra, a cigarrinha pode utilizar outras espécies de gramíneas para alimentação ou abrigo, sem se reproduzir. Essas espécies incluem sorgo, braquiárias, capim colonião, marmelada, aveia, trigo, triticale e cana-de-açúcar, especialmente quando cultivados próximos ao milho.
O principal sintoma que a planta apresenta no enfezamento vermelho geralmente se caracteriza pelo avermelhamento das folhas, ocorrendo nas bordas para o centro e no ápice das folhas, seguido por seca que também ocorre das bordas para o centro das folhas. Já os sintomas do enfezamento pálido são caracterizados por lesões em forma de estrias cloróticas, que percorrem a base das folhas paralelamente às nervuras.