A colheita do milho 1ª safra no Rio Grande do Sul avançou na última semana, atingindo 64% da área cultivada, de acordo com levantamento da Emater/RS-Ascar. A produtividade se mantém satisfatória, apesar da insuficiência de chuvas em etapas intermediárias do ciclo. Para a safra 2024/2025, a Emater/RS-Ascar estima o cultivo de 748.511 hectares, e a produtividade média de 7.116 quilos por hectare, , 26,30% maior que a da safra passada, de 5.634 quilos por hectare.
Os efeitos da estiagem, ocorrida em janeiro e fevereiro, tendem a se manifestar com maior intensidade em cultivos semeados em novembro e meados de dezembro, os quais estão em fase de floração e enchimento de grãos (14% da área total). A Emater/RS-Ascar afirma, porém, que as lavouras implantadas tardiamente, que estão ainda em fase vegetativa (5% da área), devem se recuperar devido à reposição de umidade no solo, embora sejam necessárias precipitações regulares para sustentar o potencial produtivo.
Em relação ao manejo cultural, as chuvas registradas no período – ainda que irregulares e em volumes reduzidos – permitiram a realização de pulverizações de herbicidas para controle de plantas daninhas, além da aplicação de adubação nitrogenada em cobertura. Nas lavouras semeadas recentemente (safrinha), observa-se incidência significativamente elevada de pulgões e cigarrinhas em comparação ao milho do cedo, exigindo monitoramento constante por parte dos produtores.
Na Região Noroeste, em parte dos cultivos, foi necessário o controle fitossanitário, mediante aplicações de inseticidas específicos, para mitigar riscos de infestações pelo vírus do enfezamento (espiroplasma e fitoplasma).
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha Gaúcha, houve estabilização momentânea das condições de umidade e dos danos decorrentes da escassez hídrica. Os plantios são realizados estrategicamente de forma tardia, e predominam lavouras nas fases de floração e enchimento de grãos. Em Dom Pedrito, 55% da área cultivada (2.25 mil hectares) encontra-se na fase de floração, e 40% está em fase de enchimento dos grãos.
Na de Caxias do Sul, o tempo seco contribuiu para o avanço da colheita, que segue em ritmo satisfatório na Região da Serra, bem como beneficiou o início da operação nos Campos de Cima da Serra. Nas lavouras colhidas, os rendimentos continuam satisfatórios, e há excelente qualidade de grãos. No entanto, em termos regionais, a safra deverá apresentar leve redução na expectativa de rendimento devido à restrição hídrica, em algumas localidades, durante os meses de janeiro e fevereiro.
Na de Erechim, 5% da área está madura para colheita, e 95% foram colhidos. A produtividade ultrapassa 9 mil kg/ha. Nesta safra, o uso de insumos foi maximizado, apesar dos resultados inferiores gerados pela escolha de variedades de menor potencial produtivo. No entanto, mesmo as sementes fornecidas pelo Programa Troca-Troca apresentaram excelentes resultados, e alguns cultivares atingem 12 mil quilos por hectare.
Na de Ijuí, a colheita está próxima do final, chegando a 90%. A produtividade está definida, superando 8,5 mil quilos por hectare. Apenas algumas lavouras remanescentes apresentaram pequena redução devido à irregularidade das chuvas
Na de Passo Fundo, 35% das áreas encontram-se em maturação fisiológica, e 60% foram colhidos. Os rendimentos estão elevados. Os plantios tardios (5%) estão em enchimento de grãos e podem ser afetados pela redução de precipitações.
Na de Pelotas, 13% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo; 31% em floração; 35% em enchimento de grãos; 3% em maturação; e 18% foram colhidas. Ocorreram chuvas apenas no Litoral Sul, mas a umidade residual, proveniente das precipitações anteriores, ainda é suficiente para o desenvolvimento e enchimento dos grãos.
Na de Santa Maria, 55% das áreas foram colhidas. O restante encontra-se em diferentes estágios fenológicos: 13% em germinação e desenvolvimento vegetativo e 32% em floração, enchimento de grãos e maturação. Após as chuvas do período, novos plantios foram realizados, inclusive fora do zoneamento. Algumas lavouras sofreram perdas totais. Já as de plantio precoce atingiram a produtividade esperada. A precipitação nas próximas semanas será determinante para o rendimento dos cultivos ainda em desenvolvimento.
Na de Santa Rosa, 92% da área foi colhida, e a produtividade média se aproxima de 7,5 mil quilos por hectare. As lavouras em safrinha (8%) estão em desenvolvimento vegetativo. A demanda por cobertura do Proagro tem sido baixa até o momento, concentrando-se principalmente em municípios onde não choveu nos primeiros 20 dias de novembro, afetando a floração e formação inicial dos grãos.
Na de Soledade, a colheita das lavouras semeadas até o início de outubro avançou, chegando a 37%. As produtividades estão próximas às médias projetadas. As lavouras de plantio tardio, em áreas de resteva de tabaco, milho silagem e feijão, estão majoritariamente em fase vegetativa; algumas em floração e enchimento de grãos. Nas regiões de maior elevação e de concentração de milho safrinha, as chuvas, apesar de irregulares, têm sido mais frequentes. Já em parte do Centro-Serra e no Sul da Região, a escassez hídrica foi mais intensa, impactando o desenvolvimento das lavouras.
O milho no RS
Nesta safra, o Estado deve produzir 5,32 milhões de toneladas de milho, o que representa um aumento de 18,35% em relação ao ano passado, quando a produção foi de 4,5 milhões de toneladas, conforme dados da Emater/RS-Ascar. Porém, a área de produção, de 748.511 hectares, teve uma redução de 7,47% em relação aos 808,916 mil hectares plantados em 2023/2024. O Rio Grande do Sul tem uma demanda de 6, 7 milhões de toneladas e a produção ainda é insuficiente, sendo necessário trazer o grão de estados como Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Comercialização (saca de 60 quilos) – O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, aumentou 0,07%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 67,64 para R$ 67,69.