Safra 2024

Chuvas já preocupam produtores de trigo no Rio Grande do Sul

Atualmente, 45% das lavouras estão em maturação, fase mais sensível às chuvas

Foto de lavoura de trigo próxima à colheita.
Atualmente, 45% das lavouras estão em maturação, fase mais sensível às chuvas | Foto: Bruna Scheifler/Arquivo Destaque Rural

As chuvas recorrentes no Rio Grande do Sul já começam a preocupar os produtores de trigo. Até a primeira semana de outubro, as condições climáticas eram consideradas favoráveis para a cultura, que apresentava bom desenvolvimento na maior parte do estado. Esse cenário mudou nos últimos dias com as chuvas frequentes e o avanço da safra. Atualmente, 45% das lavouras estão em maturação, fase mais sensível às chuvas, de acordo com Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (17/10), pela Emater/RS-Ascar.

“A sucessão de precipitações, que se estenderam por até cinco dias consecutivos em parte do Estado, resultou em excessiva umidade no solo, limitando o desenvolvimento das lavouras e mantendo água livre sobre as plantas durante quase todo o período. Essa situação beneficiou o desenvolvimento de doenças, sobretudo giberela, e não foi possível realizar os tratos culturais, especialmente para o controle e prevenção de doenças fúngicas“, explica o relatório.

A colheita no estado chega a apenas 3% dos mais de 1,3 milhão de hectares cultivados. A média para essa época do ano, considerando os últimos quatro anos, seria de cerca de 20% das lavouras colhidas. Em parte, esse atraso se deve ao atraso na implementação da lavouras. Porém, a colheita também precisou ser interrompida pela dificuldade de acesso das máquinas. A Emater/RS-Ascar ressalta que essa situação que pode afetar pontualmente os resultados da safra em razão da degradação das reservas do grão em maturação fisiológica, principalmente nas áreas onde foram aplicados herbicidas para dessecação e uniformização das plantas.

Além disso, há relatos de problemas logísticos com algumas unidades de armazenamento impondo restrições às cargas devido à alta umidade dos grãos, o que dificultaria o processo de secagem e aumentaria o risco de desenvolvimento de fungos nas moegas.

Os primeiros resultados das colheitas realizadas em lavouras de ciclo mais curto, que permaneceram molhadas por vários dias, indicam redução no Peso Hectolitro (PH), variando entre 74 e 76 kg/hl. Entretanto, a maior parte das lavouras de ciclo mais longo ainda estão em processo de maturação (45%) e enchimento de grãos (42%). A expectativa é de que as condições de rendimento e qualidade dessas lavouras não sejam tão impactadas pelas chuvas. A produtividade segue estimada em 3.100 kg/ha.

Regiões

Já se percebe redução de potencial produtivo das lavouras em diferentes regiões do estado. Na região da Campanha, as chuvas atrasam o controle de doenças. Em Hulha Negra, estima-se redução de 10% no potencial produtivo projetado e, em Aceguá, a perda estimada é de 5%. Na região, 18% das lavouras estão na fase de enchimento de grãos; 41% em floração e 41% entre o final do alongamento dos colmos e o espigamento.

Na região de Santa Rosa, estima-se uma leve redução no potencial produtivo após as chuvas. A Emater/RS-Ascar alerta que essa redução poderá ser mais acentuada, caso as condições de alta umidade persistam nos próximos dias. Com a colheita chegando a 10% das lavouras da região, já se observa prejuízo na qualidade das últimas áreas colhidas. Também há relatos de germinação em algumas lavouras.

Cevada

Apesar do desempenho adequado, a cevada também pode ser prejudicada pelo excesso de chuva e pelo prolongado molhamento de plantas. Assim como no trigo, essas condições favoreceram o desenvolvimento de doenças, especialmente a giberela, que pode comprometer a qualidade dos grãos, tornando-os deformados e contaminados.

“Além disso, o excesso de umidade durante a maturação reduz o poder germinativo dos grãos, um parâmetro crucial para a qualidade industrial e para a precificação do produto”, ressalta o Informativo.

A colheita será iniciada nos próximos dias, quando serão avaliados eventuais danos em relação à qualidade para malte cervejeiro. A projeção de cultivo apontada pela Emater/RS-Ascar é de 34.429 hectares e a produtividade de 3.245 kg/ha.

Canola

A colheita da canola progrediu lentamente devido ao prolongado período de chuvas. Nas regiões Noroeste e Missões, onde houve avanços, a produtividade se manteve abaixo do esperado, o que pode impactar negativamente os resultados da safra. Os produtores relatam que a produtividade também foi prejudicada pelo tamanho reduzido dos grãos e pela diminuição da quantidade de grãos por síliqua, fatores atribuídos à baixa insolação durante os estágios de floração e enchimento dos grãos.

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Com informações da Emater/RS-Ascar