Política

Governo federal desiste de leilões para importação de arroz

O governo federal irá se reunir hoje (03) com o setor produtivo e com a indústria para debater propostas alternativas à importação

Foto de grãos de arroz.
O setor produtivo defende que não havia risco de desabastecimento para o país | Foto: Pierre Bamin/ Unsplash

Após anulação do primeiro leilão para compra de arroz importado e negociações com o setor produtivo, o governo federal decidiu que não deve mais realizar leilões para importação do produto. “Estamos preparados, temos orçamento para isso, mas por hora é mais prudente – já que os preços já cederam – que a gente tome outras atitudes de estímulo à produção, mas por hora não se faz necessário novos leilões de importação“, disse o ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, em entrevista realizada na manhã de hoje (03) na Globonews, .

O governo federal irá se reunir nesta tarde com o setor produtivo e com a indústria para debater propostas alternativas à importação, inclusive compromissos de estabilidade de preço e logística. “Com a sinalização e a disponibilidade do governo de comprar arroz importado e abastecer o mercado brasileiro e a volta da normalidade em estradas, os preços já cederam, o arroz está voltando aos preços normais” disse Fávaro.

O ministro ainda afirmou que o Plano Safra 2024/2025, que será lançado hoje, irá disponibilizar uma linha para contratos de opção para estimular a produção de até 1 milhão de toneladas de arroz no Rio Grande do Sul e em outros estados.

Importação

O Governo Federal publicou no início de maio uma medida provisória autorizando, em caráter excepcional, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a importar até um milhão de toneladas de arroz beneficiado ou em casca para recomposição dos estoques públicos. O governo tinha o objetivo de evitar especulação financeira e estabilizar o preço do produto diante da tragédia climática no Rio Grande do Sul e de prejuízos na safra gaúcha de arroz. Sob o mesmo argumento, ainda em maio, o governo zerou o imposto de importação de três tipos de arroz.

O setor produtivo, no entanto, criticou as medidas e defendeu que as chuvas e enchentes não trouxeram risco de desabastecimento para o país. A safra 2023/2024 no Rio Grande do Sul foi encerrada com 7,1 milhões de toneladas de arroz produzidas, segundo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), redução pequena diante das 7,2 milhões de toneladas colhidas no ano passado.

Leilões

O leilão público de compra realizado em 06 de junho pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi anulado devido à indícios de que as empresas vencedoras não teriam capacidade de entregar o produto e de suspeitas de conflitos de interesses. Na ocasião, o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, pediu demissão. 

Após a decisão de anular o leilão, o governo afirmou que pretendia realizar um novo leilão com um formato diferente. Desde então, foram realizadas reuniões com o setor produtivo e debates na Câmara dos Deputados, onde Fávaro voltou a defender a importação e foi criticado por parlamentares.

Diante do desgaste, o governo vinha adiando o leilão até a decisão anunciada hoje (03) de não realizar novas compras de arroz importado.