Recuperação

Sebrae RS oferece consultoria financeira gratuita para produtores rurais afetados por chuvas

A consultoria “Supera Agro: Replanejamento Financeiro de Crise” visa esclarecer dúvidas e orientar produtores

Foto focada nas mãos de dois homens usando notebook e gráficos de negócios em uma mesa.
Consultoria gratuita é voltada para produtores de municípios em situação de calamidade | Foto: pressfoto/Freepik

As chuvas extremas ocorridas entre abril e maio e suas consequências afetaram mais de 206,6 mil propriedades rurais no Rio Grande do Sul, de acordo com a Emater/RS-Ascar. Entre os principais problemas no meio rural, estão os danos em estradas, destruição de instalações e construções, prejuízos em lavouras e mortes de animais. Nesse contexto, muitos produtores rurais enfrentam dificuldades e precisam se reorganizar financeiramente.

A partir de uma pesquisa com mais de 16 mil clientes que foram impactados, o Sebrae RS constatou que a maioria dos produtores rurais busca crédito rural, mas tem dúvidas sobre o processo. Com isso em vista, a entidade está oferecendo gratuitamente a consultoria “Supera Agro: Replanejamento Financeiro de Crise” para produtores rurais afetados pelos eventos climáticos no estado. A consultoria consiste em 8h de atendimento, incluindo visitas presenciais e atendimentos online, para sanar as principais dúvidas dos produtores rurais.

“O objetivo desta consultoria é ajudar o produtor a replanejar as finanças da propriedade e auxiliar na busca de um crédito, mostrando quais são as melhores alternativas para ele e se existe algum apoio por parte do governo. O consultor leva todas essas informações ao produtor rural”, explica a Analista de Competitividade Setorial do Sebrae RS, Aline Balbinoto.

O consultor avalia as perdas na propriedade, os gastos e o fluxo de caixa para apresentar alternativas e, no caso do crédito, as taxas de juros e o valor final que será pago. Essas informações são importantes para “uma decisão assertiva e que traga benefícios para ele [produtor] e, principalmente, deixe ele seguro da retomada, que ele volte a ter a lucratividade em sua propriedade”, de acordo com Aline.

A consultoria também leva em conta débitos que o produtor já possui para a renegociação de prazos e para a programação de uma próxima safra.

Podem buscar o serviço produtores rurais de municípios que tenham decretado estado de calamidade e que se enquadrem como Empresa de Pequeno Porte (EPP), isto é, com faturamento entre R$360 mil a R$4,8 milhões. Interessados podem entrar em contato pelo atendimento online no WhatsApp (51) 3216-5006.

Alternativas

A granja avícola da produtora rural Cristina Knirsch, em Agudo-RS, sofreu com os deslizamentos de terra, que soterraram a lavoura de milho e o pomar da propriedade. Quase um mês após o começo das chuvas, ela segue sem poder acessar a lavoura e com dificuldades de deslocamento até os municípios mais próximos.

A produção de ovos está operando com apenas metade da capacidade | Foto: Granja Avícola Novo/Arquivo Pessoal

A destruição da lavoura de milho e a dificuldade de acesso à propriedade encarecem a alimentação das aves. Com isso, a granja está operando apenas com metade da capacidade, o que também reduz a renda pela metade. Além disso, o soterramento do pomar orgânico atrapalha os planos de uma agroindústria para a produção de chimias caseiras. Outro plano que fica inviável com a destruição de estradas e pontes é o turismo rural na propriedade.

“No momento é bem difícil de falar, a gente está trabalhando com o pouco que a gente tem, então estamos conseguindo nos manter, mas vai ser muito difícil a gente ter renda para recuperar as lavouras e o acesso à lavoura. Primeiro porque as empresas de máquinas cobram caro e, segundo, essas empresas estão prestando serviço às prefeituras. Então, provavelmente até final do ano a gente não vai conseguir máquinas para trabalhar na nossa lavoura para voltar a produzir. Então foi aí que entrou o Sebrae, a consultoria, para ver se uma pessoa de fora tem uma outra visão para a gente aplicar o nosso dinheiro, o pouquinho que a gente tem, no mais necessário e que possa retomar renda”, conta Cristina.

Diante de um cenário completamente novo, a produtora tem certeza de que as coisas não voltarão ao mesmo patamar de antes das chuvas e de que precisa encontrar alternativas, sempre levando em conta os riscos da atividade rural. “A gente precisa andar firme porque no futuro pode acontecer de novo outra chuvarada dessas ou uma estiagem bem forte. Então a gente precisa andar bem seguro, ainda mais sobre linhas de crédito”, avalia Cristina.

Planejamento

A visão empresarial e gestão da propriedade rural são ainda mais importantes nesse momento de prejuízos e de recuperação. “Você tem uma empresa a céu aberto, teus desafios são ainda maiores. […] Você não pode trabalhar sem saber qual é o custo da sua produção, sem ter seu fluxo de caixa, sem saber das suas finanças, seus gastos e, principalmente, saber o momento de fazer as compras. A gente sabe que os produtores compram insumos, compram fertilizantes, até a questão da alimentação para os animais, são compras grandes e compras caras. Então eles precisam ter a gestão para saber qual é o momento de fazer essa compra, quando vai estar mais preparado e, numa situação de adversidade como essa que estamos enfrentando, a gestão é mais importante do que nunca”, ressalta Aline.

Manter-se informado, buscar ajuda e consultar especialistas para organizar a vida financeira o quanto antes podem ser decisivos para a manutenção dos negócios e também para encontrar apoio nesse momento de crise. “Quanto antes a gente conseguir reverter essa situação, é melhor para o produtor e é melhor para o Estado como um todo”, destaca Aline.